“Fim do governo Bolsonaro é uma questão humanitária”

Pela primeira vez, maioria da população brasileira defende impeachment do presidente

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Em pesquisa divulgada no fim de semana pelo Instituto Datafolha, 54% dos brasileiros se dizem a favor da abertura de processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Essa é a primeira vez, desde o início dos questionamentos sobre o tema, em abril de 2020, que a maioria mostra que quer a saída do governante por esse processo.

O Instituto ouviu de forma presencial 2.074 pessoas maiores de 16 anos, em todo o país, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Dos entrevistados, 42% se colocaram contra o impeachment.

O vice-presidente do Sindicato, Claudionor Vieira, destacou as denúncias que estão chegando por meio da CPI da Covid como um dos principais motivos para que a população perceba os perigos de manter Bolsonaro no comando do país.

“O que está vindo à tona é algo que já era sabido por muita gente, tem ficado mais claro com a CPI, tanto a negligência como o crime de prevaricação do presidente da República com relação à compra de vacinas. Enquanto mais de meio milhão de pessoas morriam, o presidente evitava comprar vacina para fazer negociata e, provavelmente, receber propina”.

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Questão humanitária

“Enquanto as pessoas estão agonizando ou nos leitos de hospitais por falta de vacina, outros agonizam por conta da fome e da miséria e tantos outros já perderam a esperança como os milhares de desalentados. Ele é um ser totalmente desprezível. O fim do governo Bolsonaro é uma questão humanitária”, destacou o dirigente.

Claudionor completou lembrando que o único ponto em que este governo é produtivo é na questão da desigualdade. “O governo Bolsonaro é o governo da fome, da miséria, do desemprego, do desalento, da escuridão profunda. O único ponto em que é produtivo é na desigualdade, é o governo que mais produziu desigualdade no Brasil”.

Levantar a cabeça e ir às ruas

Claudionor lembrou ainda que a população precisa se vacinar contra a Covid e contra o presidente que é o vírus mais perigoso para sociedade, tomar consciência e lotar as ruas, seguindo os protocolos de segurança, para pedir pelo impeachment.

“Precisamos ter esperança que é possível um país diferente. Mas as coisas só mudam quando se muda a consciência, é preciso levantar a cabeça e ir para as ruas, aqueles que já se sentirem seguros, e dar um basta”.

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Perfil

As mulheres defendem mais o impeachment (59%), jovens (61%), mais pobres (60%, no grupo mais volumoso da estratificação econômica da pesquisa, 57% da amostra) e moradores do Nordeste (64%). Esses dados seguem a linha das outras abordagens feitas pelo Datafolha sobre Bolsonaro.

Os valores mais altos de aprovação ao processo estão entre os que se declaram pretos (65%) e homossexuais ou bissexuais (77%).

Já o apoio ao presidente se mostra maior entre mais velhos (49% de rejeição a processo), entre os evangélicos (56%), quem ganha de 5 a 10 salários mínimos (62%), mais ricos (59%) e os empresários (68%, mas um grupo com apenas 2% da amostra).

Regionalmente, a história de outros ângulos da pesquisa se repete. Bolsonaro vê a rejeição ao impedimento ganhar por 52% a 46% no Norte/Centro-Oeste e registra um empate no Sul, com 49% para cada lado — as duas áreas são as mais bolsonaristas do país.