Financiamos um setor que agora demite

Em 1999, a indústria de máquinas e implementos agrícolas produzia 28 mil unidades quando na década de 70 chegou a fabricar três vezes mais. Para reverter esse quadro foi criado um programa de financiamento através do BNDES chamado Moderfrota, com juros subsidiados para aumentar as vendas.

De lá para cá, o setor apresentou um crescimento de 137% na produção e o BNDES já desembolsou cerca de R$ 10 bilhões para o financiamento de máquinas e implementos agrícolas.

Esse desempenho positivo incentivou as empresas a investir em modernização, ampliação da capacidade produtiva e na inauguração de novas unidades, como a CNH em Curitiba, no Paraná.

Apesar do bom desempenho, os reflexos positivos desse programa ficaram apenas para a iniciativa privada e não para a sociedade, tampouco para os trabalhadores que, na verdade, arcam com esse sucesso através de financiamento público. É bem verdade que o emprego no setor aumentou 50% desde dezembro de 1999 até 2004, mas esse índice está bem abaixo de outros números como produção, vendas, faturamento, entre outros.

E agora, no início do ano, quando o setor passa pelo primeiro sinal de desaquecimento das vendas, os empresários já anunciam demissões.

A proposta dos metalúrgicos é que se mantenham os empregos, já que durante os últimos seis anos os empresários se beneficiaram do dinheiro público; que se discuta formas de superação da crise e a continuidade do crescimento. E mais, que todo o programa de financiamento com dinheiro público exija a garantia de contrapartidas sociais, entre elas, nível de emprego condizente com o crescimento da produção e do financiamento liberado.

Subseções Dieese da CUT Nacional e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC