Fiocruz quer saber o que leva pais a rejeitar vacinação de seus filhos
Estudo busca avaliar situação do negacionismo de pais brasileiros em relação à vacinação contra a covid-19. No mundo, dados são preocupantes
Foto: Divulgação
“A hesitação vacinal aumentou entre pais de crianças e adolescentes quando comparados os períodos de março a maio de 2020 com dezembro a março de 2021”020
São Paulo – O Instituto Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conduz o estudo VacinaKids. A ideia é entender e diagnosticar o negacionismo de pais que rejeitam a vacinação de seus filhos contra o novo coronavírus. A pesquisa será desenvolvida até o dia 30 de janeiro do próximo ano. “O estudo busca avaliar a intenção de pais ou responsáveis por crianças e adolescentes em vaciná-los para a prevenção da covid-19, compreendendo o posicionamento e motivações que permeiam essa tomada de decisão”, afirma a entidade.
O estudo se mostra necessário para combater visões conspiratórias e anticientíficas que comprometem a imunização coletiva e a superação da pandemia. A Fiocruz acredita que os resultados brasileiros devem ser melhores do que observados em outros países. Um levantamento apresentado pela coordenadora do VacinaKids, Daniella Moore, mostra que nos Estados Unidos, Israel e Canadá, a intenção dos pais em vacinar os filhos é de apenas 59,7%. “Dados preocupantes, pois, apesar da persistência da pandemia, a hesitação vacinal aumentou entre pais de crianças e adolescentes quando comparados os períodos de março a maio de 2020 com dezembro a março de 2021”, afirma a pesquisadora.
Adesão à vacinação
Já no Brasil, um estudo similar, que observou a intenção de vacinação entre adultos, apresentou resultados muito superiores. De toda a amostragem coletada pelo levantamento Trend, 89,5% dos brasileiros afirmaram que se vacinariam. Dados confirmados hoje pela realidade da escala vacinal brasileira. Mesmo com atrasos na compra das vacinas pelo governo Jair Bolsonaro, o país atingiu patamares elevados de imunização. Mais de 80% da população já tomou a primeira dose.
“Compreender se esse dado positivo também é observado quando a vacinação envolve crianças e adolescentes é fundamental para elaboração de estratégias que aumentem a adesão e contribuam para que possamos atingir a imunidade coletiva e, desta forma, superar a pandemia”, avalia Daniela. Em São Paulo, por exemplo, a adesão de adolescentes às vacinas contra a covid-19 superou a marca de 95%.
Daniella comenta que os desafios impostos pela pandemia são urgentes. Posições anti-vacinas, como a de Bolsonaro, comprometem a saúde coletiva. “Uma situação sem precedentes levando a perda de vidas, sobrecarga dos serviços de saúde, abalos da saúde mental, fechamento de escolas, crise social e financeira. Para uma doença com a gravidade da Covid-19, que já levou a mais de 611 mil mortes no Brasil, a vacinação surge como uma oportunidade para conter o vírus e trazer a tão esperada imunidade de rebanho”, explica.