Ford: Ato por emprego e moradia

Em manifestação realizada ontem pelos trabalhadores na Ford, a Prefeitura de São Bernardo e as construtoras Galati, Recade, Engequip e EE Engenharia foram responsabilizadas pela construção irregular dos conjuntos San Giacomo e San Genaro ao lado da montadora.

A construção em área industrial faz com que os moradores e os trabalhadores corram riscos.

Enquanto os moradores sofrem com o ruído e a vibração da estamparia da montadora, o Ministério Público quer fechar esse setor, o que ameaça a fábrica e os empregos.

Por cima da lei
“Alguém alterou a legalidade para a construção dos conjuntos habitacionais”, denunciou o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo.

Ele lembrou que a construção passou por cima de lei estadual de zoneamento urbano, que determina que as zonas predominantemente industriais só podem se transformar em zona mista se perderem suas características industriais.

“Não é o caso do Taboão, onde a Ford e outras empresas como a Metal Leve e a Mercedes estão instaladas há mais de 40 anos. Mesmo assim os prédios foram erguidos e a Prefeitura concedeu o habite-se”, explicou.

Votação
Na semana passada, os vereadores da base governista aprovaram nova lei de zoneamento.

O projeto enviado pelo Executivo foi aprovado em 20 minutos sem qualquer discussão e só serviu para piorar a situação.

“São Bernardo deve ser a única cidade do País que aprova leis para mandar as indústrias embora”, afirmou Feijóo, que perguntou:

“Quais os interesses que estão por trás?”.

Solução tem de ser rápida
O Sindicato quer resolver a situação até novembro para assegurar a vinda de um novo carro, garantindo a vida da planta Taboão e a criação de um parque de fornecedores.

Caso o Taboão permaneça como região mista, fábricas como a Metal Leve e Mercedes estão com os dias contados.

“São 25 mil empregos diretos e terceirizados na região. Haverá uma cadeia de tragédias”, disse o presidente do Sindicato.

Ele avisou que o Sindicato vai definir com os moradores ações conjuntas como a apresentação de projeto popular mudando a lei, audiência com o Ministério Público para informar sobre os riscos e visitas à Assembléia Legislativa para conquistar apoio dos deputados.

Feijóo está otimista: “A pressão popular é capaz de fazer milagres e esta luta está apenas começando”.

“Trabalho na Ford há 15 anos. Comprei um apartamento no San Genaro há três anos. Falei para o corretor sobre a estamparia e o corretor me garantiu que o setor sairia dali em pouco tempo. Era mentira. É preciso buscar uma solução. Nós, moradores, queremos ser indenizados e a Ford precisa continuar aqui no Taboão. Senão, corro o risco de perder minha casa e meu emprego.
Samir Pedro, trabalhador na estamparia na Ford

Quero indenização
“Moro aqui há dois anos e sempre tivemos problemas de gesso caindo por todo lado do apartamento. Quando chamamos a construtora ela diz que é da má ventilação. Mas, na verdade, tem o problema da trepidação e também o uso de material de má qualidade. Nós fomos enganados e a Ford não tem culpa. Nós acreditamos que a Prefeitura e a construtora fossem sérias. Nós queremos ser indenizados”.
Alice Buscarini, moradora