Formação Sindical dos Metalúrgicos do ABC

A Formação Sindical desempenha um importante papel na construção coletiva de uma cultura de classe e no enfretamento dos desafios imediatos e históricos da classe trabalhadora. Ao irromper na vida política nacional com as retomadas das lutas sindicais no fim da década de 1970, e início da década seguinte, o movimento sindical colocou-se o desafio de formar sindical e politicamente uma grande massa de militantes que surgiam no contexto das lutas por aumento de salários e melhores condições de vida em plena ditadura militar. (Você já conhece o blog da Formação Sindical dos Metalúrgicos do ABC? Acesse aqui!)

A formação sindical tem uma longa trajetória no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e revigorou-se no início dos anos 1980 com a constatação da necessidade de preparar militantes e dirigentes para os novos desafios colocados para a ação sindical dentro e fora da fábrica. A participação nas lutas pela democratização da sociedade demandava desses dirigentes e militantes uma sólida formação política.

O departamento de Formação foi criado para atender essas demandas, as traduzindo num conjunto articulado e sistemático de atividades formativas planejadas de acordo com as diretrizes traçadas nos congressos da categoria e atualizadas nos planos estratégicos de ação da Direção do Sindicato. Nesse sentido, o departamento contribuiu com a organização dos trabalhadores e trabalhadoras através da capacitação de suas lideranças em diferentes conjunturas do país. Uma grande variedade de temas são objetos de análise e discussão, como Concepção Sindical dos Metalúrgicos ABC e da CUT; história do sindicalismo nacional e internacional; negociação coletiva; organização no local de trabalho; planejamento sindical; comunicação e expressão; reestruturação produtiva; neoliberalismo e globalização; sindicato e sociedade; economia e trabalho, estado, classes sociais e ideologia, dentre outros temas.

O avanço da organização no local de trabalho com as Comissões de Fábrica e atuação junto às CIPAS foram avanços fundamentais depois das grandes greves de massa que permitiu enfrentar as mudanças significativas na forma de organizar a produção e o trabalho de forma mais ativa e propositiva. A articulação entre pesquisa, formação e ação sindical foi uma experiência extremamente exitosa no processo de negociação da reestruturação produtiva nos anos 1990.

Mudanças

Vale destacar o papel desempenhado pelo dirigente-educador no estudo e negociação das novas tecnologias. Nesse processo dialógico de percepção do trabalho a partir do seu fazer-se cotidiano eram identificadas mudanças que interferiam em diversos aspectos, tais como ritmo de trabalho, trabalho em equipe, automação, novas formas de gestão do trabalho que produziam stress emocional, além de outras doenças ocupacionais que se intensificavam com essas mudanças. A partir dessas vivências buscava-se pensar o trabalho numa dimensão integral que preparava os dirigentes para a ação sindical numa perspectiva crítica, autônoma e libertadora.

A Formação, ao longo de vários anos, estabeleceu muitas parcerias com outras entidades como o DIEESE, a Universidade Federal do ABC, Universidade de Campinas – Unicamp, Universidade de São Carlos, Escola Politécnica da USP; Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), entre outras. Também tem realizado intercâmbio internacional com diversas entidades, como a Fundação Friedrich Ebert, DGB Bildungswerk e Fundação Hans Blöcker da Alemanha; Solidarity Center dos Estados Unidos; Olof Palmer Center da Suécia, entre outros. O Departamento Formação até 2019 também foi responsável pela qualificação profissional através de convênio entre a Escola “Dona Lindu”, situada na Regional de Diadema e o SENAI.

Hoje, com mais de quatro décadas de intenso trabalho, o departamento se depara com o desafio de preparar militantes e dirigentes para enfrentar o cenário mais difícil para a classe trabalhadora desde o fim a ditadura militar. As reformas neoliberais, como a PEC do Teto dos Gastos, a Reforma Trabalhista a terceirização irrestrita, a Reforma da Previdência, atingiram em cheio o direito dos trabalhadores num ambiente de hostilidade aos sindicatos por parte do governo e da mídia comercial. O ressurgimento da militância de extrema direita no cenário político com grande performance nas redes sociais e capacidade de ocupar as ruas também se coloca como mais um problema a ser enfrentado pelo sindicalismo e pela formação sindical.

Outra consequência bastante preocupante no atual cenário é o processo de desindustrialização acelerada que estamos assistindo em nosso país, e na região do ABC em especial. Esse processo estimula a precarização e desestrutura ainda mais a sociedade assalariada assentada no emprego formal. Em 1980 a indústria participava de 36% do PIB brasileiro, esse número caiu para 11% em 2021, uma queda assustadora que coloca em risco a sociedade industrial construída a partir de 1930. Ou seja, em menos de dez anos estamos destruindo um patrimônio que demorou quase um século para ser construído.

Investimento

Em síntese, o momento atual indica muitos desafios organizativos diante da desindustrialização precoce, da precarização, da informatização e da pulverização do trabalho, sobretudo como organizar esse universo de trabalhadores tão dispersos e tão heterogêneos num cenário de retrocesso político e social de dimensões gigantescas. Diante do exposto, a direção do SMABC tem investido na formação sindical para militantes e dirigentes criando espaços de reflexão e debate sobre o atual cenário acumulando forças para enfrentá-lo da forma mais protagonista possível.

Em função da pandemia do COIVD-19, a Formação tomou a iniciativa de readequar seu plano de atividades, o ajustando a modalidade de ensino à distância ou remoto. A partir dessa perspectiva, iniciou-se um processo de diálogo com os coordenadores das Regionais e das montadoras para se avaliar a melhor forma para o desenvolvimento nesse novo formato.

Foram debatidos aspectos pedagógicos como conteúdo e metodologia dos cursos e também questões de cunho mais organizativos como a montagem do calendário, horários e estrutura para o desenvolvimento dos cursos, que acontecem de forma presencial, semipresencial (alternando encontros presenciais e online) e remoto. A Formação mantém uma coluna semanal na Tribuna Metalúrgica que é publicada às sextas-feiras. Informações pelos números 4128-4268.

Fique sócio! Você, trabalhador, é o Sindicato dentro da fábrica