Franceses apostam no crescimento do Brasil

A corrente comercial entre os dois países somou ? 7,5 bilhões em 2008, o que representou avanço de 12,8% frente ao volume comercializado um ano antes. O Brasil representa 35,8% das vendas da França na América Latina

De olho em um potencial de crescimento da economia brasileira este ano, a Ubifrance, órgão encarregado de promover as empresas francesas no exterior, lançou na quinta-feira (19) em São Paulo o Ano Econômico da França no Brasil. Segundo Dominique Mauppin, chefe da missão econômica francesa no Brasil, “talvez o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 0,5% e 1% este ano, mas isso já é bem melhor do que o 0% ou 2% negativo”, afirmou, se referindo às perspectivas para o PIB da França para este ano.

A corrente comercial entre os dois países somou ? 7,5 bilhões em 2008, o que representou avanço de 12,8% frente ao volume comercializado um ano antes. O Brasil representa 35,8% das vendas da França na América Latina, sendo que o País é o 14 maior cliente comercia da França no mundo. Mais do que melhorar esta posição, Dauppin quer desenvolver negócios em setores específicos. Ele avalia que “há setores no Brasil que crescerão muito, o setor de modernização industrial, por exemplo, seguramente deve crescer mais de 20% este ano, e queremos parcerias nesta área, temos muitas empresas neste setor.”

Só neste ano serão 40 eventos promovidos pela agência francesa, com foco principalmente em missões de compradores, rodadas de negócios e missões comerciais regionais. Ao menos três regiões francesas (Rhône-Alpes; Nord-Pas-de-Calais e Aubergne) realizarão missões comerciais em nas principais capitais do País. “Existe uma sociedade consumidora no Brasil que conta com mais de 90 milhões de pessoas, e queremos participar mais deste mercado”, assegura Dauppin.

O executivo garante que este foco no Brasil neste ano não é somente porque parceiros mais tradicionais da França, como países asiáticos e europeus, tem perspectivas menos positivas de crescimento por conta da crise financeira internacional. “Não é uma questão se a China vai crescer menos ou não, o fato é que o Brasil se tornou um dos grandes atores econômicos do mundo hoje, isso é inegável”. Ele lembra que a França foi, em 2008, o sexto país que mais investiu no Brasil, sendo que o país passa ao quarto lugar se considerados os investimentos em ações.

Mas nem tudo é um mar de rosas na visão de Dauppin. As questões relativas à pirataria e desvio de mercadorias ainda preocupam um pouco as empresas francesas, diz o executivo. Este é um dos fatores pelos quais a Ubifrance promoverá neste ano o 5 Encontro Franco-Brasileiro de Propriedade Intelectual, no Rio de Janeiro, que abordará temas como combate a pirataria, violação e proteção de direitos de propriedade intelectual, patentes e cooperação. “Nesta área já está sendo desenvolvida inclusive uma parceria entre as aduanas brasileira e francesa, para trocas de informações, melhoria de processos, dentre outras atividades conjuntas”, destacou Dauppin.
 
Da Gazeta Mercantil