Futuro dos carros no Brasil: Montadoras racham entre elétricos e híbridos a etanol

Embora maioria das montadoras defenda o desenvolvimento de modelos híbridos flex, pelo menos duas fabricantes querem partir diretamente para os elétricos

A indústria automobilística passa pelo dilema de ter de escolher qual tecnologia vai mover os carros brasileiros nos próximos anos. Se a híbrida flex, com foco no uso do etanol, combustível renovável usado há mais de 40 anos no Brasil, ou a elétrica, que traz junto as discussões de reciclagem de baterias e necessidade de aumento de extração de matérias-primas, como lítio e alumínio.

Os maiores produtores mundiais de veículos, como China, EUA e Europa já se definiram pelos veículos elétricos, por falta de outras opções para atenderem normas de descarbonização. No Brasil, oitavo maior na lista de fabricantes, boa parte das montadoras tende para o híbrido flex, que usa um motor elétrico e outro a combustão, que pode ser abastecido com etanol ou gasolina.

Empresas que defendem o carro híbrido flex como melhor alternativa, como a Toyota, que já produz esse tipo de veículo no país desde 2019, afirmam que levam em conta a estrutura de abastecimento (que já está pronta), a matriz energética – que no caso do Brasil é limpa, enquanto outros países ainda são dependentes de fontes fósseis – e a acessibilidade do consumidor (a tecnologia elétrica ainda é cara).

Por outro lado, defensores dos carros elétricos avaliam que o país pode se isolar dos demais fabricantes e ficar para trás tecnologicamente com mais uma “jabuticaba”, termo utilizado para os carros a etanol, para os modelos populares com motor 1.0 e agora para os híbridos flex. Oficialmente, só uma grande fabricante, a General Motors, afirma que, na transição, pretende ir direto para a eletrificação, seguindo diretrizes que sua matriz norte-americana está adotando em todo o mundo. É possível que a Honda também siga esse caminho.

Do O Estado de São Paulo