G2 aceita pagar 8%. Forma de fatiamento gera impasse

40 mil trabalhadores nos grupos em negociação, em 300 fábricas, já conquistaram o reajuste


Mesa de negociação com G2, realizada nesta quinta. Foto: Paulo de Souza / SMABC

Na rodada de negociação da Campanha Salarial realizada nesta quinta-feira (4) entre o Grupo 2 e a FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), a bancada patronal concordou em pagar 8% de reajuste para os trabalhadores nas empresas do setor, mas ainda não houve acordo quanto à forma de pagamento.

Pela proposta dos patrões, o aumento seria feito em duas vezes, sendo 6,5% agora e o restante, de 1,5%, em março do ano que vem. Somados, o percentual atinge os 8% reivindicado pela categoria.  

Para o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, que participou das negociações, houve um avanço por parte dos empresários do setor, mas a oferta pode ser melhorada. 

“Consideramos que o fato de apresentarem uma proposta que tenha chegado aos 8% um fator muito positivo, pois essa era a principal resistência do setor patronal”, afirmou.

“Mas vamos lutar para melhorar essa proposta, por que não concordamos com a forma em que ela está fatiada”, destacou o dirigente.

“Mais de 300 empresas em nossa base já se comprometeram com o reajuste de 8% e esse é um sinal claro de que a reposição da inflação com o aumento real, que estamos pedindo, é possível”, prosseguiu.

Wagnão avaliou que a iniciativa do G2 aconteceu porque o setor sentiu-se pressionado pelas paralisações dos metalúrgicos e isso poderá estimular os demais grupos que estão em negociação na Campanha a também retomarem as negociações.

“Nossa expectativa é que a proposta incentive os demais grupos a seguirem os 8% que estamos reivindicando e com isso colocarmos um ponto final na nossa Campanha Salarial”, afirmou o secretário-geral.

As mobilizações nas empresas que ainda não têm proposta seguem pela base.

40 mil, em 300 fábricas já conquistaram o reajuste
Um mês depois de assembleia na Sede decidir que os Metalúrgicos do ABC iriam buscar o reajuste da Campanha Salarial por meio de greves e paralisações, 40 mil trabalhadores em 300 empresas na base já conquistaram os 8% definidos como parâmetro pela categoria.

A assembleia ocorreu na quarta-feira, 5 de setembro, com trabalhadores dos grupos que participam das negociações da Campanha Salarial 2012 e decidiu que os companheiros iniciariam paralisações a partir da segunda-feira seguinte, dia 10.

A deliberação foi tomada porque nenhum grupo patronal – 2,3, 8, 10, Estamparia, Fundição – havia apresentado qualquer proposta. A exceção cabia às montadoras, que já haviam fechado acordo por dois anos em 2011.

Na data marcada, dia 10, todos os trabalhadores nas 50 maiores empresas dos setores da base que estão em Campanha seguiram as orientações da assembleia e cruzaram os braços em uma greve de advertência de um dia.

O objetivo era para pressionar os patrões a apresentarem uma proposta decente na mesa de negociações. Deu o primeiro resultado. Em assembleia no dia 14, em frente à Regional Diadema, os trabalhadores decidiram sobre proposta de 8% apresentada pelo grupo de Fundição.

A proposta foi aprovada, pois era o mesmo percentual que o pago pelas montadoras e definido como meta no início da Campanha.

A partir daí, esse índice passou a ser referência na campanha e várias mobilizações e paralisações que ocorreram na base garantiram o reajuste para mais de 40 mil trabalhadores.

Da Redação