Globo x teles: uma luta sangrenta para dominar a TV a cabo
As operadoras de telefonia acusam a Globo de tentar barrar o projeto de lei (PLC 116) que abrirá o mercado de televisão a cabo para as teles pondo fim às restrições ao capital estrangeiro. Oficialmente, as operadoras não falam do assunto. Nos bastidores, porém, dizem que a Globo está tentando “segurar” ao máximo a tramitação do projeto.
Segundo as teles, o PLC ele abre a possibilidade de que as operadoras se associem a emissoras de TV para formar um novo programador de canais concorrente da Globosat, maior programadora da América Latina. A Globo nega. “Apoiamos a aprovação do projeto tal como se encontra no Senado”, afirma Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo. Segundo ele, as acusações são infundadas.
Em uma carta enviada pelas Organizações Globo ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o grupo afirma que concorda com o projeto desde que “haja compromisso da liderança de que não haverá vetos do Executivo, que de qualquer forma possam mutilá-lo, provocando desequilíbrio nas relações entre produtores e distribuidores de conteúdo”. Mas o governo ainda não deu garantias à Globo de que não haverá vetos.
Outra preocupação é a de que as teles continuem impedidas de controlar produtoras de conteúdo. A Oi não tem interesse nesse mercado no momento. Seu foco está na distribuição de conteúdos televisivos adquiridos de um programador e, no máximo, a possibilidade de negociar a compra dos direitos de transmissão de jogos ou eventos culturais (shows) diretamente.
Já na Telefónica existe um grupo discutindo a entrada no mercado de produção de conteúdo, mas, caso vingue, o projeto será de longo prazo. No governo, a expectativa é a de que, inicialmente, haja a formação de um novo competidor da Globosat.
Negociações abertas
A Record já fez proposta de parceria à Oi, mirando nessa nova oportunidade de negócio. Um dos sócios da operadora posicionou-se contrariamente à oferta, que previa até a construção de uma nova sede na zona portuária do Rio de Janeiro, que seria dividida entre Oi e Record.
Uma fonte ligada à Oi afirmou que, não fosse a resistência desse sócio, a operadora já estaria associada a uma emissora de televisão. A possível formação de um “consórcio” desse tipo abriria caminho para que a Oi turbinasse seu site iG competindo com o G1, da Globo, que têm conteúdos, como jogos de futebol, disponíveis.
Do Vermelho, com informações da Folha de S.Paulo