GM de São José amanhece com as portas fechadas
Portão fechado durante a madrugada. Foto: Agência Estado
A General Motors (GM) de São José dos Campos dispensou os trabalhadores nesta terça-feira (24), durante a madrugada, e colocou-os em licença remunerada. Por volta das 5h, não era permitida a entrada de nenhum trabalhador e a fábrica amanheceu fechada e isolada.
Desde 2010, era sabido que a montadora deixaria de produzir vários modelos e isso colocaria em risco milhares de empregos nas unidades de São José e São Caetano.
Na época, a empresa construiu um acordo com os metalúrgicos de São Caetano, que previu o investimento em novos produtos na planta da cidade. Os investimentos foram efetivados e a GM chegou a contratar trabalhadores nos últimos anos.
Já em São José, a direção do Sindicato se negou a fazer acordo mesmo com os trabalhadores se manifestando favoraveis ao processo de negociação para evitar a desativação das linhas de produção conhecidas como MVA (Montagem de Veículos Automotores).
Mesmo assim, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José manteve a recusa ao debate e esta decisão resultou nas medidas adotadas pela empresa nesta terça-feira, com o fechamento temporário da fábrica e no anúncio da possibilidade de 1.500 demissões.
Wagnão, secretário-geral do Sindicato. Foto: Rossana Lana / SMABC
Nosso Sindicato soube superar dificuldades semelhantes
“A diferença de atuação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é explicada pelas concepções e formas diferentes de compreender a ação sindical das duas entidades”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.
Ele lembrou que, no mesmo período de 2010 para cá, nosso Sindicato teve enfrentamentos e ameaças como a da Volks, que resultou em um processo de negociação difícil, mas com resultados como a garantia de emprego por cinco anos e investimentos em novos produtos que mantém a empresa funcionando em São Bernardo até a próxima década.
“Na Scania, negociação semelhante estabeleceu a garantia de emprego até dezembro e, também, novos investimentos”, disse Wagnão. “E na Mercedes, outro acordo no mesmo sentido assegurou 1.500 empregos com qualificação profissional para estes trabalhadores”, prosseguiu.
Segundo Wagnão, em São José o resultado da intransigência do sindicato filiado ao Conlutas – e que sempre criticou os acordos firmados por nosso Sindicato – , é a ameaça concreta de demissão de milhares de trabalhadores e aponta para um futuro incerto da fábrica no município. “Somos solidários aos trabalhadores e sempre seremos”, destacou Wagnão.
“Defendemos a manutenção do emprego e nosso Sindicato se coloca à disposição dos companheiros na luta por seus direitos”, concluiu o secretário-geral do Sindicato.
Da Redação