GM entra com pedido de concordata nos EUA

Montadora não conseguiu apoio de seus credores para eliminar 90% de sua dívida, avaliada em US$ 27 bi

A montadora norte-americana General Motors entrou com pedido de concordata nesta segunda-feira (1º) marcando o ápice de um prolongado debate sobre o futuro da empresa depois que ela buscou um resgate do governo federal em dezembro para se manter operando. A montadora não conseguiu apoio suficiente de seus credores para eliminar 90% de sua dívida não assegurada, avaliada em US$ 27,2 bilhões.
 
O presidente dos EUA, Barack Obama, fará um pronunciamento sobre a GM nesta segunda-feira. Um alto funcionário da Casa Branca informou na noite do último domingo aos meios de comunicação que o governo americano dará à fabricante de automóveis US$ 30,1 bilhões para se reestruturar e que a GM utilizará a seção 363 da Lei de Quebra para terminar sua reorganização.

A montadora informou que vai fechar 14 fábricas e três centros de autopeças até o final de 2011 como parte de seu processo de concordata. A lista inclui unidades em Michigan, Ohio, Indiana e Tennessee. Elas poderão reabrir se a demanda se recuperar.

O grupo pretende reduzir o número total de suas unidades nos EUA de 47 em 2008 para 33 até 2012. Com isso, pretende atingir a utilização completa da capacidade em 2011, dois anos antes do previsto em 17 de fevereiro.

Cerca de 20 mil empregos, mais de um terço da força de trabalho horista do grupo nos EUA, deverão ser eliminados com os planos da companhia.

Também nesta segunda, uma concessionária controlada pela General Motors, a Chevrolet-Saturn of Harlem Inc., entrou com pedido de concordata. A unidade listou mais de US$ 27 bilhões em dívida em bônus e US$ 20,6 bilhões em obrigações com funcionários para o sindicato United Auto Workers (UAW).

Fornecedores da GM, incluindo Delphi Corp., Robert Bosch GmbH e Lear Corp., estão listados como credores comerciais. Um porta-voz da GM confirmou que a montadora controla a concessionária.

Dívida
A GM necessitava que os detentores de bônus que representam pelo menos 90% da dívida não assegurada aceitassem cancelar esse número em troca de obter até 25% do conjunto de acionistas da nova GM. Apesar disso, a GM confirmou que seu plano de reestruturação conta com o respaldo de “mais de 54% dos detentores de bônus” o que lhe permitirá proceder com a proposta de venda 363.

Segundo explicou a Casa Branca, a reestruturação significará a criação de uma nova General Motors que comprará “substancialmente todos os ativos da velha GM que necessita para implementar seu plano de negócios”. Em troca, o governo americano “renunciará” a recuperar a maioria de seus empréstimos.

O fundo destinado a proporcionar serviço de saúde aos aposentados da GM, denominado VEBA, receberá 17,5% do conjunto de acionistas da nova GM e garantias para a compra de outros 2,5%.

O VEBA terá direito de escolher um dos integrantes independentes do conselho de administração que não terá direito a voto ou outros direitos no comando da companhia. O governo americano receberá cerca de 60% do conjunto de acionistas da nova GM e direito a nomear os membros iniciais do conselho de administração.

Além disso, as autoridades canadenses (o governo federal e o da província de Ontário) emprestarão US$ 9,5 bilhões à empresa por isso que ostentarão 12% do conjunto de acionistas da nova GM e terão direito a escolher um membro do conselho de administração. Os 10% restantes irão para os credores com garantias para que possam assumir até 25%.

O funcionário da Casa Branca repetiu em várias ocasiões que “o governo americano não tem nenhum desejo de possuir participação acionária em empresas privadas mais tempo do que o necessário” e que o Departamento do Tesouro se desprenderá de sua participação na GM tão breve quanto seja possível.

Ele também advertiu que o Tesouro “não tem planos” para proporcionar mais ajuda financeira a General Motors além da nova injeção de capital de US$ 30,1 bilhões.

Da Agência Estado e Dow Jones