Gol dos trabalhadores

O presidente Lula esteve junto com trabalhadores na Volks, no domingo, durante lançamento do novo Gol. Carro é resultado da luta pela manutenção da fábrica no ABC.

O novo carro lançado
domingo pela Volks é resultado
de um processo de luta
iniciado pelos trabalhadores
há onze anos como forma
de evitar o fechamento
da fábrica Anchieta como
queria a direção mundial da
montadora.

O novo Gol significa o
acerto da política desenvolvida
pelo Sindicato a partir
de 1997, quando a Volks
anunciou a intenção de demitir
10 mil pessoas.

Para a direção da montadora,
as demissões seriam
o início de um processo de
esvaziamento da fábrica
com a intenção de fechar a
unidade.

Os trabalhadores resistiram
e se mobilizaram contra
as dispensas. O acordo
feito adotou a jornada flexível
como forma de enfrentar
a crise de mercado. Mas,
para o Sindicato, os postos
de trabalho não poderiam
depender dos humores do
mercado. A fábrica precisava
de novos produtos.

Investimentos – Mas, ao contrário, em
1998 a Volks anuncia 7.500
demissões. Os trabalhadores
reagem e cruzam os braços.
Depois de dias de mobilização,
sai um acordo.

Os companheiros aceitam
a semana reduzida e a
fábrica garante investimentos
de R$ 2 bilhões na fabricação
do Polo e manutenção
de emprego por cinco
anos, revertendo de vez a
intenção da montadora de
fechar a fábrica.

Os anos seguintes foram
duros. Em junho de
2001 o acordo de 98 não é
renovado e a Volks anuncia
3.000 demissões.

Novamente o pessoal
cruzou os braços para exigir
emprego e respeito e,
em outro acordo, a fábrica
recebe investimentos de R$
500 milhões.

Em abril de 2003, trabalhadores
concordam com
a semana de 34 horas, evitando
novas dispensas, e
conquistam garantia de
emprego até 2006. A Volks
traz para a fábrica de São
Bernardo o Fox Europa.

Porém, o Sindicato não
perde de vista a necessidade
de uma nova linha de carro
e os trabalhadores sabem
que só com resistência e
luta conseguirão manter
direitos.

Novo acordo – Em 2006, a Volks anuncia
3.100 demissões, decisão
que ia contra à expectativa
do aumento da produção
como resultado da política
de crescimento econômico
do governo federal.

O Sindicato transforma
as demissões em PDV, cuja
primeira fase previa 1.300
desligamentos.

O acordo negociado
estabelece que os pacotes
fossem abertos em etapas
para ganhar tempo esperando
a reação do mercado,
o que acaba acontecendo
nesse mesmo ano.

Investimento é fruto da confiança, diz Lula

Presente no lançamento
do novo Gol, o
presidente Lula voltou a
defender hoje o uso do
biocombustível. “Haverá
um momento em que o
mundo irá se curvar aos
combustíveis renováveis e
o Brasil vai poder vender
mais”, disse ele, que arrancou
aplausos da platéia.

Para ele, “o novo Gol
será motivo de inveja para
muitos países que pensam
que são mais desenvolvidos
que o Brasil”, e ressaltou
que a criatividade do
povo brasileiro não é apenas
no futebol e no samba.
“O Gol continuará sendo
a menina dos olhos não só
do Brasil, como da América
Latina”.

Lula lembrou ainda que
também esteve presente no
lançamento do primeiro
motor flexfuel, no ano de
2003, também no Gol.

“Pouca gente acreditava,
na época, que o carro
pudesse usar esse combustível
e hoje, praticamente
100% da frota brasileira é
flexfuel”, emendou.

“Hoje eu volto aqui
e a indústria automotiva
bate recordes de produção
e de vendas. Isso é fruto
da confiança dos empresários,
que aumentaram
seus investimentos quando
perceberam a estabilidade
da economia.”

O presidente ressaltou
que o País passa hoje
por um círculo virtuoso,
no qual ganham as empresas
e os trabalhadores,
pois quando mais consumidores,
mais empregos
são gerados.

Produção em alta cancela o PDV e renova temporários

Em maio do ano passado,
no acordo de dias
adicionais, o Sindicato conseguiu
suspender as demais
fases do PDV previstas para
ocorrer até o final deste ano,
o que completaria os 3.100
desligamentos.

Nesta semana, a mesma
cláusula de PDV foi
alterada cancelando, assim,
a possibilidade de novas
demissões. Com a produção
em alta a Volks, além de
não demitir, contratou por
prazo determinado de um
ano e, ontem, confirmou
a renovação, por mais um
ano, de 738 contratados.

O novo modelo, aliado
a um cenário de desenvolvimento,
deve significar a
garantia dos atuais postos
de trabalho.

Diante disso tudo, continuam
as reivindicações
por novos investimentos,
pois os trabalhadores sabem
que o futuro da fábrica está
nas mãos deles.