Governo cobra contrapartida por IPI reduzido da linha branca
Ministro prometeu decisão até sábado e cobrou mais contratações de pessoal e promoções ao consumidor
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, com bom humor e ressaltando que há um grande entrosamento entre governo e empresários do setor da linha branca, afirmou nesta segunda-feira (26) que essa parceria é “vitoriosa” e que compreende o papel dos empresários, que sempre pedem para o governo redução de impostos, neste caso o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Mas eu também fiz uma ´cobrancinha´ que é o aumento das contratações de pessoal, elevação das promoções e mais facilidade de financiamento”, afirmou. Ele disse que a colaboração dos empresários é facultativa e ressaltou que ela pode ocorrer por redução de margem de lucro e aumento de investimento.
Mantega disse que até o dia 31 de outubro o governo definirá se vai prorrogar ou não a redução do (IPI) para produtos de linha branca adotada em 17 de abril. Naquela data, foi definido que este imposto para geladeiras baixaria de 15% para 5%; máquinas de lavar, de 20% para 10%; fogões, de 5% para zero; e tanquinhos, de 10% para zero.
“Estamos, governo e empresários da linha branca e do varejo, tomando as medidas necessárias para o melhor Natal do varejo dos últimos anos”, declarou o ministro. “É como Olimpíada e agora estamos na reta final. Queremos que as vendas de outubro, novembro e dezembro avancem e garantam assim o melhor Natal para os brasileiros.”
O ministro deixou claro que o governo não tomou nenhuma decisão ainda sobre a prorrogação ou não da redução do IPI. Em encontro com empresários do setor, ele destacou que a diminuição do tributo “foi muito bem sucedida”, pois houve repasse da benefício, pelo menos parcialmente, aos consumidores. Mantega ressaltou que a decisão do governo foi eficiente, pois proporcionou a retomada das vendas do setor atingida pela crise internacional no final do ano passado.
Mantega esteve reunido em São Paulo com dirigentes de grandes redes varejistas, entre elas Casas Bahia, Magazine Luiza, Ponto Frio, Carrefour e Pão de Açúcar e também estava presente o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.
“Desestímulo”
A presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e também presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, disse após o encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que as vendas do setor podem ser “desestimuladas” se o benefício não for prorrogado. A redução do IPI para os produtos da categoria vence no dia 31 de outubro.
Segundo Luiza Helena, a linha branca representa cerca de 30% das vendas das redes varejistas. Ela destacou que desde o anúncio da medida, em abril, o setor conseguiu retomar as vendas e já prevê que o fim do ano poderá ser “o maior dos últimos anos no Brasil”. “Pouco mais de 40% da população tem máquina de lavar. Ainda temos um grande mercado para atingir”, disse. A executiva afirmou ainda que o setor aguarda a decisão do governo para poder ampliar as contratações de fim de ano, que crescem entre 10% e 15% no período.
De acordo com o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, desde o anúncio da medida, a produção de itens da linha branca contemplados com a renúncia fiscal superou a previsão do setor em 2 milhões de unidades. “Nossa expectativa era vender 8 milhões (de unidades), mas já superamos este número”, afirma. Kiçula avaliou também que poderá ocorrer queda no emprego, caso a renovação do IPI reduzido não ocorra.
Demanda aquecida
A Whirlpool, que reúne as marcas Brastemp e Consul, mantém desde o mês de maio uma taxa média de crescimento ao redor de 20%, ante queda de 6% nos quatro primeiros meses do ano. “Existe uma demanda muito grande sustentada pela redução do IPI. Nas últimas semanas, percebemos o grande varejo recompondo estoques fortemente, como se o incentivo acabasse em outubro”, afirmou à Agência Estado seu diretor de Relações Institucionais, Armando Ennes do Valle Júnior.
Segundo Valle Júnior, a Whirlpool irá manter o nível de utilização de sua capacidade instalada ao redor de 85%, independente da decisão do governo. Sazonalmente, os meses de outubro e novembro são os mais aquecidos para a indústria da linha branca. “A razão da crise era a falta do crédito, que já foi retomado, inclusive com juros menores”, afirmou, acrescentando que a expectativa da companhia é encerrar o ano com alta entre 8% e 10% no volume das vendas.
Para o economista da MCM Consultores Marcos Fantinatti, as vendas do varejo deverão voltar em 2010 ao nível pré-crise, com crescimento anual de 9%. Para este ano, a projeção da consultoria é de crescimento no volume entre 5,2% e 5,5%. “A retomada da geração do emprego e do crédito, aliada à manutenção da renda, deve manter as vendas de linha branca aquecidas, mesmo sem a renovação do IPI”, disse. “Caso haja a renovação, o desempenho vai melhorar.
Da Agência Estado