Governo Lula e novo sistema de relações de trabalho
O povo brasileiro confirmou nas urnas sua vontade política de mudar o País. A vitória esmagadora de Lula reflete a esperança, por parte da população, de que desta vez as forças progressistas consigam, de fato, transformar a sociedade, construindo as bases de um novo modelo de desenvolvimento. Um modelo que supere os traços sombrios da exclusão social e reconstruindo, sobre funda-mentos mais sólidos, a própria democracia, ao envolver a sociedade civil na busca negociada para os principais problemas que afligem a nação.
Entre os inúmeros temas que irão compor a agenda do debate político no próximo ano, destacam-se, entre outros, o desemprego, a fome, a segurança, a saúde, a previdência, a educação, a reforma agrária. Todos eles foram debatidos exaustivamente durante a campanha eleitoral. São temas caros à população, aos trabalhadores e ao movimento sindical e, ao mesmo tempo, fundamentais à nova realidade que se quer construir.
Há um tema, no entanto, que interessa particularmente aos metalúrgicos do ABC e ao movimento sindical cutista e que ao longo das últimas décadas tornou-se símbolo de suas lutas e uma de suas principais bandeiras: um novo sistema de relações de trabalho, estruturado a partir de direitos políticos fundamentais como a liberdade e autonomia sindical, a organização no local de trabalho e a contratação coletiva. É a partir desse novo marco institucional que os trabalhadores pretendem continuar atuando como sujeitos no cenário político, lutando pela melhor redis-tribuição de renda e pelo amplo acesso aos bens e serviços produzidos no País.
Uma mudança dessa natureza envolverá uma complexa negociação entre trabalhadores e empresários, mediada pelo governo. Os votos da-dos ao futuro presidente, assim como sua trajetória política, o legitimam e o fortalecem no seu propósito de realizar essa transformação histórica.