Governo quer manutenção do emprego nas montadoras para prorrogar IPI menor

Não faria sentido adotar essa medida sem pedir algo em troca ao setor privado, afirmou uma fonte da equipe econômica. A alíquota para os automóveis de mil cilindradas foi zerada em dezembro (era de 7%) e para os de mil a 2000 cilindradas caiu à metade, de 13% para 6,5% (gasolina) e de 11% para 5,5% (álcool/flex)

 

 

Está praticamente definida a prorrogação por três meses da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros novos. Prevista inicialmente para acabar em 31 de março, após vigorar desde meados de dezembro, o corte de tributo só não será estendido até junho se a situação econômica se deteriorar muito, causando perdas muito maiores do que as estimadas até agora pela equipe econômica. Desta vez, porém, o governo estuda pedir uma contrapartida – mesmo que não no papel – de manutenção de empregos pelas montadoras.

Não faria sentido adotar essa medida sem pedir algo em troca ao setor privado, afirmou uma fonte da equipe econômica. A alíquota para os automóveis de mil cilindradas foi zerada em dezembro (era de 7%) e para os de mil a 2000 cilindradas caiu à metade, de 13% para 6,5% (gasolina) e de 11% para 5,5% (álcool/flex).

O Executivo, porém, não quer confirmar oficialmente a prorrogação. Teme que o consumidor relaxe na procura do carro novo, afetando as vendas de março e diluindo o impacto positivo sobre a produção ao longo dos próximos meses. Ontem, este zelo acabou provocando um choque de informações.

Enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao qual cabe a política de desoneração de impostos, afirmou que ainda não havia decisão, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, divulgou nota dizendo que não haverá prorrogação da desoneração. A notícia de que o martelo já foi batido nos bastidores foi publicada ontem pela “Folha de S.Paulo”.

Guido Mantega: “Não existe decisão em relação ao IPI”

No início da tarde, Mantega falou:

– Não existe nenhuma decisão em relação ao IPI. E portanto está mantida a isenção até o dia 31 de março. Portanto, se você quiser comprar seu carro, não perca a oportunidade.

Desde janeiro, quando ficou evidente que a medida, baixada em dezembro, surtiria efeito, o Ministério da Fazenda trabalha com a possibilidade de esticar a desoneração – embora não esteja ainda definida a abrangência da medida (além dos carros leves, houve queda do IPI para picapes de mil a 2.000 cilindradas). Nas últimas semanas, os técnicos têm avaliado os impactos fiscais da medida.

No primeiro mês do ano, as vendas de automóveis novos cresceram 5,1% sobre dezembro, para 158.255 unidades. Sobre janeiro de 2008, as vendas tiveram queda de 6,7%. Em fevereiro, segundo a Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos (Fenabrave), a recuperação continuou. Houve alta de 0,85% sobre janeiro e uma recuperação também sobre fevereiro de 2008, com um aumento de 0,15%.

Quando a desoneração do IPI foi anunciada, em dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de Mantega a falta de contrapartida. As centrais sindicais também pedem vinculação do benefício ao emprego.

Do jornal O Globo