Grande ABC perde quase US$ 15 mi com tarifaço e região articula reação conjunta

Impacto atinge setores automotivo, metalúrgico e de defesa. Sindicato, Agência de Desenvolvimento Econômico, prefeitos e BNDES buscam medidas para proteger empregos e indústrias

Foto: Adonis Guerra

O Grande ABC já sente os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Em apenas um mês de vigência da tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, a região perdeu cerca de US$ 15 milhões – R$ 80 milhões –, segundo estudo da Subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no Sindicato. As exportações caíram de US$ 61,6 milhões em agosto de 2024 para US$ 46,5 milhões em agosto deste ano — retração de 24,6%.

O impacto foi desigual, mas severo em setores estratégicos como automotivo, metalúrgico e de defesa. São Bernardo registrou queda de 67,6%; Mauá, 66,9%; Diadema, 50,5%; e Ribeirão Pires, 32,2%. Os números foram apresentados no encontro ‘Os Impactos do Tarifaço no Grande ABC’, realizado no último dia 23, na Sede do Sindicato, que reuniu autoridades regionais, membros do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), lideranças sindicais e empresários.

Foto: Adonis Guerra

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, abriu os trabalhos destacando o papel do movimento sindical diante da crise. “Nossa principal tarefa não é apenas lutar por melhores salários e condições dentro das fábricas, mas também dialogar com o governo em busca de políticas públicas que gerem emprego e garantam o bem-estar de quem realmente produz a riqueza do país: os trabalhadores e trabalhadoras”.

O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico e secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal, Aroaldo Oliveira da Silva, reforçou sobre a importância do evento criar conexões. “Precisamos ampliar nossas oportunidades. É fundamental que o Grande ABC aprofunde a cooperação com instituições como o BNDES e outros parceiros estratégicos para fortalecer o desenvolvimento econômico regional”.

BNDES em ação

Representantes do Banco apresentaram linhas de apoio vinculadas ao Plano Brasil Soberano, programa do governo federal voltado à mitigação dos efeitos do tarifaço e ao fortalecimento do desenvolvimento regional. “O foco é fornecer liquidez imediata, facilitar o acesso a crédito e incentivar a adaptação e diversificação das empresas para garantir sustentabilidade e proteger emprego e renda”, informou Nelson Barbosa, diretor de Planejamento Estratégico.

Luciana Costa, diretora de Infraestrutura e Transição Energética, acrescentou: “O banco está presente no apoio imediato, mas também no médio e longo prazo, para abrir novos mercados e preparar as empresas para a transição energética. Esse é um caminho sem volta porque é mais barato investir em energia limpa do que pagar pelas catástrofes do aquecimento global”.

União regional

Entre os encaminhamentos, foi anunciada a criação de uma Comissão Regional de Monitoramento dos Impactos e o projeto “Missão Grande ABC para o Mundo”, voltado à diversificação de mercados internacionais. O prefeito de Ribeirão Pires e presidente em exercício do Consórcio Intermunicipal do ABC, Guto Volpi, destacou: “Em uma ação conjunta de diversos agentes da região, demos um passo importante para transformar essa crise em oportunidade”.

O prefeito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani, reforçou o impacto humano do tarifaço.

“A nossa cidade não tem indústria que exporta, mas famílias que dependem dessas empresas. Estamos aqui para dar as mãos e reconstruir a nossa região para que todos possam crescer e prosperar”.

Participaram também o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Rafael Demarchi; o secretário de Relações Institucionais de Mauá, Edilson de Paula; e a vereadora e presidenta da Câmara de São Bernardo, Ana Nice, reforçando a dimensão política e institucional do debate.