Greve na Scania é uma das reações à ditadura

Os metalúrgicos da Scania
recebem o holerite com o
reajuste fixado pelo governo
e no dia 12 de maio de 1978
decidem não ligar as máquinas
em protesto.

Era uma greve diferente,
sem piquetes na portaria.
Os trabalhadores cruzam os
braços dentro da fábrica, para
enfrentar a pressão interna e
mostrar aos companheiros de
outros setores que é preciso
perder o medo de se expor.

A greve do pessoal na Scania
não era só por salário. Além
de questionar o arrocho salarial,
ela também lutava contra
a Lei de Segurança Nacional,
que na prática não permitia a
paralisação da produção.

No rastro –
Nas semanas seguintes
trabalhadores das outras
montadoras e de dezenas de
metalúrgicas também cruzam
os braços. O movimento se
espalha pelo País e as greves
pipocam durante todo o ano.

Entre maio e julho são
feitos 166 acordos entre
empresas e sindicatos, beneficiando
cerca de 280 mil
trabalhadores.

Essas greves, que aconteceram
também entre os
trabalhadores rurais em várias
regiões do País, marcam
o retorno dos trabalhadores
à cena política. Com o crescimento
dos movimentos
grevistas, passa a haver uma
renovação nas direções dos
sindicatos e muitas diretorias
pelegas são substituídas pelas
oposições.

Novo sindicalismo –
A partir daí o movimento
sindical volta a se rearticular
em novas bases e não
limita sua atuação dentro das
fábricas. Em dezembro de
1978, sindicalistas de várias
partes do País se reúnem
em São Bernardo para discutir
a criação de um partido
político sem patrão, que
defendesse os interesses dos
trabalhadores.

Em junho de 1979, a
participação de sindicalistas
autênticos muda a história do
10º Congresso Nacional dos
Metalúrgicos. Antes, somente
com os pelegos, a participação
nos congressos era pequena
e a decisão era sempre
chapa branca, decidida pelas
cúpulas. Mas nesse congresso
os pelegos perdem, pois a
plenária rejeita o projeto de
uma nova CLT apresentado
pelo governo militar.