Grito dos Excluídos e atos ‘Fora Bolsonaro’ levam milhares às ruas em defesa da democracia
Organizadores estimam que 300 mil pessoas foram às ruas do Brasil pelo impeachment de Jair Bolsonaro
Os atos pelo Fora Bolsonaro, realizados no último domingo (7), levaram milhares de pessoas às ruas em mais de 200 cidades do país. As manifestações se uniram ao tradicional Grito dos Excluídos, realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil há mais de 27 anos.
Segundo a organização, cerca de 300 mil manifestantes protestaram pedindo impeachment do presidente da República. Em cartazes, gritos e faixas, a população se manifestou contra a fome, a alta do desemprego, a má gestão da pandemia pelo governo federal.
Nas redes sociais, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, parabenizou os manifestantes que foram às ruas e as iniciativas de arrecadação de alimentos promovidas durante os atos Fora Bolsonaro. “O povo brasileiro não aceita mais a continuidade do genocídio, o desmonte do Estado, a exclusão e fome que tem atingido milhões de brasileiros. Quero parabenizar a iniciativa dos companheiros que distribuíram alimentos durante a manifestação, pois é um gesto de solidariedade necessário neste momento”, disse.
Segundo os organizadores, os protestos aconteceram em mais de 200 cidades do país. Em São Paulo, a manifestação foi realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. A Avenida Paulista foi cedida aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que se reuniram em defesa de pautas antidemocráticas como o apoio à intervenção militar.
Em discurso aos manifestantes de oposição, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que as ameaças de Bolsonaro à democracia não são as respostas que o povo brasileiro precisa.
“O Brasil não quer saber de ataque às instituições, o brasileiro quer saber de combate à fome, do preço do feijão, do botijão de gás e do litro da gasolina. O Brasil quer saber do combate ao desemprego, mas Bolsonaro não tem resposta pra isso e, no desespero, ataca a democracia”, discursou Boulos.
Resistência histórica no Fora Bolsonaro
Raimundo Bonfim, da coordenação da Central de Movimentos Populares, diz que o 7 de setembro de 2021 vai entrar para a história do país, pois, se de um lado foram vistos atos antidemocráticos convocados pelo próprio presidente da República, do outro, movimentos populares fizeram resistência contra uma tentativa de golpe.
“O dia de ontem será marcado pelo presidente liderando fanáticos, milicianos e grupos fascistas em busca de apoio para forjar um golpe de Estado. Por outro lado, os movimentos populares tiveram coragem para defender a democracia e os direitos do povo”, afirmou, à Rádio Brasil Atual.
O integrante da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos, Douglas Belchior, ressaltou a história do povo negro, indígena e trabalhador pela liberdade. “Bolsonaro tem que limpar a boca para falar de liberdade, porque o povo que sempre lutou por isso foram os negros, indígenas e os trabalhadores. Historicamente, a liberdade é o objetivo da luta dos trabalhadores, em busca de um salário digno”, disse aos manifestantes.
Ao celebrar os atos Fora Bolsonaro desse 7 de setembro, Rozana Barroso, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), afirma que as próximas manifestações contra Bolsonaro serão ainda maiores. “Foram atos para mostrar que a rua não é terra sem lei.
Mostramos que não aceitamos as ameaças à democracia e deixamos o recado de que amanhã será ainda maior. Vamos organizar uma nova grande mobilização e levar todo o povo às ruas contra Bolsonaro.”