Grupo 2 oferece muito menos que pode na negociação


Mesa de negociação com patrões do Grupo 2. Foto: Raquel Camargo / SMABC

O G2 mostrou nesta terça-feira (18) toda sua falta de respeito com a categoria. Apesar de beneficiado com pelo menos R$ 3,1 bilhões em renúncias fiscais pelo governo federal, em reunião com a FEM-CUT o grupo propôs apenas 6% a 6,5% de reajuste salarial.

“São índices muito abaixo do mínimo de 8% definido pela categoria e muito inferiores ao que eles podem pagar, por isso foram rejeitados já na mesa de negociações”, denunciou Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato que participou das conversas.

“Essa atitude merece uma resposta à altura”, prosseguiu. “Por isso, os companheiros nas empresas do Grupo devem aumentar imediatamente a mobilização nas indústrias de máquinas, aparelhos elétricos, eletrônicos e similares”, afirmou Rafael.

“Paralisações, atos nas portas das fábricas, atrasos na produção, são algumas das atividades que a companheirada nestas fábricas deve intensificar a partir de agora para que os patrões do setor atendam nossas reivindicações”, completou o diretor-administrativo do Sindicato, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba.

Faturamento em alta
Dados do Dieese mostram de onde veio o dinheiro e provam que o G2 pode melhorar sua proposta. Só com a desoneração da folha de pagamentos, ele deixou de recolher R$ 1,6 bilhão para a Receita.

Com a redução de 20% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o setor economizou mais R$ 1,5 bilhão – bens de capital, por exemplo, tem taxa zero.

Houve ainda a redução da taxa de juros para aquisição de máquinas – que atingiu o menor patamar na história do Brasil –, a queda no custo de energia elétrica (que poderá chegar até 28%) e o aumento em até 25% dos impostos sobre importação, favorecendo as vendas do setor no mercado interno.

Com todos esses benefícios, só no primeiro semestre, o faturamento do G2 cresceu 7% em relação a 2011 e a previsão é que supere 8% até o final do ano.

Crescem propostas de empresas com 8% de reajuste
Contrariando seus sindicatos, cerca de 80 empresas representando mais de 27 mil trabalhadores procuraram o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC até o final da tarde desta terça-feira para oferecer 8% de reajuste salarial e evitar paradas na produção.

Essas fábricas pertencem aos grupos patronais que insistem em não oferecer os 8% propostos pelo setor de Fundição. O percentual foi aprovado em assembleia da categoria e se tornou o índice de referência para os reajustes nesta Campanha Salarial.

As indústrias que insistem em seguir seus sindicatos e oferecer reajustes abaixo deste percentual enfrentam paralisações.

Este foi o caso da Grundfos, em São Bernardo; Udinese, Brasmec e Ifer, em Diadema; Faparmas e Mardel, em Ribeirão Pires, onde os companheiros cruzaram os braços nesta terça.

“O Sindicato não vai aceitar que os metalúrgicos do ABC sejam tratados de maneira diferente”, destacou Claudionor Vieira, coordenador de área em Diadema. “Os reajustes precisam ser iguais para todos”, completou.

A mobilização da categoria prossegue nesta quarta (19), com greve nas empresas que ainda não atenderam a reivindicação do Sindicato.

Da Redação