Grupos de direitos humanos no Peru lançam campanha ´Fujimori nunca mais´

Mais de 70 organizações de direitos humanos, sindicatos e grupos peruanos anunciaram nesta quarta-feira (11/05) em Lima a campanha “Fujimori nunca mais”, em que lembram os dois mandatos de Alberto Fujimori (1990-2000) e pedem para que os eleitores não elejam no dia 5 de junho — segundo turno das eleições no Peru — a filha do ex-presidente, Keiko. Ela disputa com o nacionalista Ollanta Humala a Presidência.

Na campanha, familiares de peruanos torturados e assassinados durante o governo de Fujimori emprestaram suas vozes para pedir que Keiko não seja eleita. “Quero me dirigir a cada peruano que tem um pouquinho de dignidade para lhe dizer ´não ao fujimorismo´”, afirma em um vídeo Marly Ansualdo, irmã de Keneth, estudante sequestrado, assassinado e incinerado nos fornos do sótão do Serviço de Inteligência do Exército por agentes do governo. “Eles, ao arrancarem a vida dos nossos entes queridos, mataram uma parte do Peru”.

Em abril de 2009, Alberto Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por violação de direitos humanos. Um painel formado por três juízes considerou o ex-presidente culpado de ter ordenado que o esquadrão militar Grupo Colina matasse 25 pessoas em dois massacres realizados durante o segundo mandanto, quando ele enfrentava a oposição de guerrilhas, e de ser o responsável pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, mantidos reféns no porão do Serviço de Inteligência do Exército.

“Agora é responsabilidade dos peruanos impedir que eles terminem de liquidar o Peru”, completou Carlos Rivera, advogado das vítimas durante o julgamento de Fujimori. “O retorno do fujimorismo ao poder apenas 10 anos após sua saída é uma possibilidade nefasta para a democracia no Peru”, afirmou Rivera ao jornal espanhol El Mundo.

Memória
Além de divulgarem os vídeos com depoimentos e imagens de televisão, as organizações em torno da campanha entregaram à imprensa os nomes de 22 pessoas que acompanharam Alberto Fujimori e agora fazem parte da equipe de Keiko, dentre eles assessores, congressistas e ministros. Os membros da campanha também lembraram que a candidata é investigada por crimes ligados ao fujimorismo, como peculato e enriquecimento ilícito.

“Um governo de Keiko Fujimori fará o possível para conceder um indulto ou um habeas corpus a Alberto Fujimori; não cumprirá com o Plano Nacional de Direitos Humanos e tampouco com as reparações e recomendações da Comissão da Verdade”, afirmou Rocío Silva, secretária-executiva da Coordenação Nacional de Direitos Humanos.

O coletivo de organizações anunciou que promoverá manifestações pacíficas durante as quatro semanas que restam antes das eleições e uma grande marcha prevista para 27 de maio, dois dias antes de um debate presidencial.

Do Opera Mundi