Guerra no Oriente Médio: Israel não respeita trégua e mantém ataques

Israel continuou seus ataques ao sul do Líbano ontem, mesmo com o acordo de trégua por 48 horas após quase 60 libaneses, em sua maioria crianças, terem sido mortos na cidade de Qana num dos ataques de Israel.

Apesar dos seguidos pedidos pela paz vindos de todo o mundo, o ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, deixou claro que um cessar-fogo imediato não é aceitável e que tem planos de ampliar a operação no Líbano. Milhares de soldados da reserva do exército estão sendo treinados.

Desde 12 de julho, quando a guerra começou, a violência deixou cerca de 500 mortos no Líbano – entre eles mais de 440 civis – e mais de 52 mortos em Israel, sendo 19 civis. Entre os mortos no Líbano, há sete cidadãos brasileiros, três deles  crianças.

Segundo o jornalista e escritor Ariel Finguerman, que cobre o conflitos na região, a eclosão de uma guerra de grandes proporções entre Israel e o Líbano já era esperada desde 2000.

“Há seis anos eu ouvia que, a qualquer momento, a fronteira entre os dois países iria explodir. O que chama a atenção, é a proximidade entre as casas libanesas e israelenses. Parece até mesmo um só país, tamanha a proximidade”, afirma Finguerman, autor do livro Retratos de uma Guerra – Histórias do Conflito entre Israelenses e Palestinos.

Ele acredita que há possibilidade de o conflito se estender por um longo período, a exemplo do que acontece em Gaza. “Em 1982, Israel atacou o Líbano e declarou que a ação militar seria curta, mas acabou durando quase 20 anos”, lembra.

Protesto pede fim da guerra

O fim do genocídio no Líbano e do conflito entre Israel e o Hizbollah deram o tom às faixas e às palavras de ordem na manifestação pela paz na última sexta-feira, em São Bernardo. O ato foi acompanhado por representantes das religiões muçulmana e cristãs, sindicalistas e políticos da região.

“Queremos que todas as pessoas vivam em paz. Nada justifica esse massacre. Muitos inocentes estão morrendo”, afirmou o padre Santi, da Paróquia Jesus de Nazaré, de São Bernardo.

O sheik Ali Abdouni, presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica na América Latina, relatou que a comunidade muçulmana está indignada com a posição do governo israelense, por causa da morte de civis. “O ataque ao vale de Bekaa não é uma zona onde fica o Hizbollah”, disse.

Moradora de São Bernardo, Aicha Baalbak, 32 anos, viveu dois anos no Vale de Bekaa e conseguiu fugir pela Síria.

“Fiquei com muito medo do trauma que minhas crianças podem ter. No Líbano, até os suprimentos de alimentação e água estão sendo bombardeados”, contou Aicha.