Há 60 anos, EUA explodiam primeiras bombas atômicas. E o terror continua

A prática dos EUA para controlarem o mundo continua a mesma como há 60 anos, quando lançaram as bombas em Hiroshima e Nagasaki, e agora, na chamada guerra ao terror.

Em discurso feito ontem em memória dos 60 anos do lançamento da bomba atômica sobre Nagasaki, o prefeito da cidade japonesa questionou se a população dos Estados Unidos se sente segura apesar de o governo norte-americano manter e desenvolver armas nucleares.

“Nós compreendemos sua raiva e ansiedade em relação ao horror dos ataques terroristas do 11 de setembro. Mas será que a segurança de vocês foi aumentada com a política de seu governo de manter 10 mil armas nucleares, de realizar freqüentes testes nucleares e de continuar desenvolvendo mini armas nucleares?”, perguntou Iccho Ito.

140 mil mortos

O prefeito pediu para que os cidadãos americanos se unam a outras pessoas na luta por um planeta livre da ameaça das bombas nucleares.

“Nós temos certeza de que a grande maioria de vocês deseja que as armas nucleares sejam eliminadas”, afirmou.

Esta semana marca os 60 anos do segundo ataque nuclear da história, dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e que assassinou cerca de 140 mil pessoas.

Oitenta por cento das edificações dentro de um raio de dois quilômetros foram completamente destruídas.

Mortes continuam

A maioria das vítimas morreu derretida ou queimada instantaneamente. O primeiro ataque nuclear foi contra Hiroxima, também no Japão, poucos dias antes, e fez mais de 300 mil vítimas.

Muitas delas tiveram o mesmo fim que as de Nagasaki.

Até hoje, milhares de pessoas ainda morrem devido aos efeitos da bomba, vítimas de câncer e  outras doenças degenerativas.

Alvo era a União Soviética

Os ataques a Nagasaki e a Hiroxima não eram necessários do ponto de vista militar. O Japão já estava derrotado e sem capacidade de reação. Ia render-se. Os EUA não precisavam jogar as duas bombas atômicas para conseguir a paz.

Já a União Soviética (URSS) atingira seu ponto alto com armamentos convencionais (não atômicos) e representava uma grande ameaça ao poder dos EUA na região. Em um confronto direto com armas comuns, os soviéticos venceriam os americanos. Por isso os EUA jogaram as bombas sobre o Japão, para assustar a URSS.

Na verdade, ao contrário da propaganda que os americanos divulgaram maciçamente, o ataque ao país asiático não aconteceu para encurtar uma guerra que já estava nos últimos dias. Ocorreu para mostrar a União Soviética o que poderia acontecer em seu território se ela resolvesse expandir sua influência pela Ásia. A tática funcionou.

Era o início do período conhecido como Guerra Fria, marcado pelo confronto entre capitalismo (Estados Unidos) e comunismo (União Soviética). Com as bombas no Japão, os EUA encurralaram a União Soviética e mantiveram seu poder sobre o mundo.

Mesmo que isto tenha custado a morte sob circunstâncias horríveis de milhares de pessoas.