Haddad anuncia construção de 500 moradias em terreno de favela incendiada
Haddad diz que desapropriação será colocada em pacote realizado na zona sul de São Paulo
Prefeito de São Paulo diz que objetivo é atender famílias afetadas por pressões de especulação imobiliária, operação urbana e obra do governo estadual. Incêndio ocorrido no domingo é o terceiro no local
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã de ontem (10) durante visita à região da Brasilândia, na zona norte da capital paulista, que pretende desapropriar o terreno onde estava a favela do Piolho, no bairro do Campo Belo, na zona sul, para construir 500 moradias e abrigar a população desalojada. Cerca de 600 casas foram destruídas após o incêndio ocorrido na noite do último domingo (7), segundo os moradores. As causas ainda não foram esclarecidas.
“Nós já estamos desapropriando quase 200 imóveis na região da Água Espraiada para acomodar 8 mil famílias. Ontem tomamos uma nova decisão: também pretendemos desapropriar aquele terreno onde houve o incêndio para construir 500 unidades habitacionais ali e oferecer para as famílias que foram afetadas pelo incêndio e bolsa-aluguel até que a obra fique pronta”, afirmou Haddad, em nota divulgada na página da prefeitura
O local não estava relacionado entre as áreas para destinar famílias removidas em virtude da Operação Urbana Água Espraiada.
Para a líder comunitária e conselheira da subprefeitura de Santo Amaro Elisete Lopes, a proposta é boa e será discutida com os moradores em reunião. “O que nos preocupa agora é o destino das famílias durante a construção, já que o auxílio de R$ 400 não é suficiente para pagar um aluguel na região”, afirmou.
Inicialmente a subprefeitura sinalizou que as famílias que não tivessem para onde ir poderiam reconstruir suas moradias no local. A construção deve levar entre 18 e 24 meses, a partir do início das obras.
A iniciativa do prefeito pode reverter a realidade de remoções e expulsão dos moradores pobres da região, iniciada com a construção da avenida Águas Espraiadas, hoje Jornalista Roberto Marinho, pelo ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996). Cerca de 80 mil pessoas chegaram a viver no local nos anos 1990. Desde então, milhares de remoções foram realizadas, fazendo com que as famílias se dirigissem aos extremos da cidade.
As mais recentes foram as das comunidades do Comando e do Buraco Quente, removidas em virtude da construção da Linha 17-Ouro, do Metrô paulista. Embora o monotrilho não passe sobre a comunidade, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) utilizou o mesmo expediente de Maluf, pagando indenizações de baixo valor, obrigando as famílias a irem viver em regiões afastadas, como os extremos sul e leste da cidade. Cerca de 400 famílias foram removidas das duas comunidades.
Esse é o terceiro incêndio que atinge a comunidade do Piolho. O local já tinha perspectiva de remoção por conta da operação urbana. Outras 11 comunidades que compõem o Complexo Alba, na região de Americanópolis, também devem ser removidas nos próximos anos.
Da Rede Brasil Atual