Henfil: Artista engajado e combativo

“Se não houver frutos,
Valeu a beleza das flores;
Se não houver flores,
Valeu a sombra das folhas;
Se não houver folhas,
Valeu a intenção da semente.”

O poema acima foi escrito há pouco mais de 20 anos durante a luta pelas eleições diretas para presidente da República por um dos mais representativos artistas brasileiros dos últimos anos: Henrique de Souza Filho, o Henfil (foto), que completaria 60 anos de vida hoje.

Um dos mais criativos artistas brasileiros, foi desenhista, jornalista, escritor, teatrólogo, cineasta e um intenso combatente em defesa dos desfavorecidos. Colaborou com o Sindicato e teve desenhos publicados na Tribuna Metalúrgica.

Aqui, manteve sua principal característica, o compromisso com os trabalhadores, os pobres e oprimidos, a quem defendia sem cansar através de personagens como os fradins Baixinho e Cumprido, a Graúna, o Capitão Zeferino, o Bode Francisco Orelana, Ubaldo, o Paranóico e outros que representavam a essência do povo brasileiro.

Suas vítimas eram os poderosos, as elites e, principalmente, a ditadura militar a quem combatia com a poderosa arma do humor com desenhos fantásticos e textos corrosivos. Enquanto muitos artistas se calavam, Henfil destacou-se por sua participação corajosa e seu engaja-mento na resistência contra a ditadura, pela democratização do país, pela anistia aos presos políticos e pelas Diretas Já.

Ao mesmo tempo, renovou o desenho humorístico nacional com a criação de personagens típicos brasileiros, fazendo um quadrinho des-colonizado em uma época que isto era exceção. Por seu combativo e alegórico humor gráfico brasileiro, fazendo da crítica uma arma de resistência e combate ao sistema político do País, foi uma das grandes personalidades em seu tempo.