Herança colonial e cidadania no Brasil
Utilizamos nos programas de formação a análise que o historiador José Murilo de Carvalho faz sobre a construção da cidadania no Brasil. Segundo o autor, em nosso País a cidadania foi limitada pela escravidão, pelo poder dos grandes proprietários de terra, os chamados coronéis, e pelo próprio Estado, que estava nas mãos da elite agrária.
Herança pesada esta… Foram 350 anos de escravidão. Dá para esquecer? Negros transformados em escravos. Escravos fazendo todo tipo de serviço, produzindo a riqueza da colônia. Tratados como animais, castigados como animais, contabilizados como meios de produção… Nesta sociedade, fica difícil imaginar que a liberdade individual, pressuposto dos direitos civis, tivesse algum valor.
O pior é que a escravidão penetrava todas as classes, todos os lugares, contaminava corações e mentes. Como afirma o autor, “a sociedade colonial era escravista de alto a baixo”. Isso valia até para os próprios negros. Negro alforriado, assim que podia, comprava um escravo… A religião católica admitia a escravidão, os conventos, padres e clérigos, todos eles possuíam escravos.
Quando pensamos que em outras sociedades os direitos civis foram a base da cidadania, vemos como o nosso caminho foi muito tortuoso. Direito à vida, à propriedade, à liberdade e à igualdade perante a lei… Dá para imaginar isso numa sociedade baseada no trabalho escravo?
Como o autor diz: ” A escravidão afetou tanto o escravo como o senhor. Se o escravo não desenvolvia a consciência de seus direitos civis, o senhor tampouco fazia. O senhor não admitia os direitos dos escravos e exigia privilégios para si próprio. Se um estava abaixo da lei, o outro se considerava acima.”
Departamento de Formação