‘Hoje, nós é que estamos dizendo o que o FMI deve fazer’, afirma Lula

Ele falou de empréstimo de US$ 10 bilhões ao fundo em coluna semanal. 'Cansei de carregar faixas de protesto e de gritar: fora FMI', diz presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em sua coluna semanal publicada em 132 jornais nesta terça-feira (4), que o empréstimo de US$ 10 bilhões do Brasil ao Fundo Monetário Internacional (FMI) tornou o país mais independente em relação ao órgão financeiro. “A verdade é que passamos a ser ouvidos. Hoje, nós é que estamos dizendo o que o FMI deve fazer e não o contrário, como sempre acontecia”, disse Lula.

O presidente respondeu à questão elaborada pelo economista Alexandre da Silva Passos, 48 anos, de Teresópolis (RJ). Ele perguntou “de que maneira o empréstimo concedido ao FMI poderia ser benéfico para o Brasil?”.

Segundo Lula, durante muito tempo, o Brasil era devedor do FMI “e obedecia, como um menino bem comportado”, às ordens dos técnicos do órgão. “Eu cansei de carregar faixas de protesto e de gritar: fora FMI. E, agora, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, e mesmo em meio a uma grave crise econômica, o Brasil não apenas não pediu apoio financeiro, como vai repassar US$ 10 bilhões à instituição”, respondeu Lula.

Ainda segundo o presidente, o empréstimo serve a questões humanitárias e não compromete as reservas financeiras do país. “Nossa condição é a de que o dinheiro sirva para ajudar a economia dos países mais pobres e aqueles em desenvolvimento. Não se trata apenas de uma questão humanitária. Hoje, nenhum país é uma ilha, nenhum vive unicamente por seus próprios meios”, argumentou Lula.

O presidente adotou cautela ao afirmar que o país não está totalmente livre dos efeitos da crise financeira. “Enquanto os demais países não emergirem da crise, não estaremos totalmente a salvo porque dependemos da saúde econômica de todos para normalizar o fluxo do comércio internacional”, analisou.

Coluna semanal

Toda semana, Lula responde a três questões formuladas por leitores. Além da questão envolvendo o empréstimo ao FMI, o presidente respondeu a pergunta formulada pelo programador de TV Felipe Pereira, 25 anos. Ele queria saber “com a crise econômica aparentemente controlada, o Brasil saiu mais fortalecido do que quando ela começou?”

Lula respondeu que “a crise internacional encontrou a economia com muita força para resistir: reservas em torno de US$ 200 bilhões, mercado interno forte, instituições financeiras sólidas e relações comerciais diversificadas.”

“Sempre dissemos que fomos o último país a entrar na crise e que seríamos o primeiro a sair dela. Hoje, até quem previa o pior está reconhecendo que tínhamos razão. Enquanto outros países ainda se debatem com a crise, nós estamos saindo dela fortalecidos, em condições vantajosas, com maior poder de negociação nas relações diplomáticas e comerciais”, disse Lula.

Políticas públicas de cultura

O ator e produtor cultural Francisco Pellé, 37 anos, de Teresina (PI), quis saber se programas criados pelo governo seriam mantidos depois da saída de Lula do Planalto. “Qual a garantia que a sociedade brasileira terá, com o término de seu mandato, da continuidade de programas como o Cultura Viva (Pontos de Cultura) e o Mais Cultura, não como programas de governo, mas como políticas públicas de cultura?”

Lula respondeu: “Para a consolidação deste e de vários outros programas está em votação no Congresso o Plano Nacional de Cultura.”

Do G1