Homem, boi e cavalo
O Brasil é o país do futuro e o ABC tem muito a ver com esse futuro. Considerada a região mais industrializada do País, possui empresas com alta tecnologia que utilizam robôs que trabalham 24 horas por dia, além de ter mão-de-obra bastante qualificada. Entretanto, contrastando com esta modernidade, há um outro lado obscuro que insiste em nos mostrar coisas dos tempos mais primitivos.
É o caso dos “homens e mulheres cavalos”. Estas pessoas, que freqüentemente vemos pelas ruas da região, são conhecidas também como carroceiros, pois ganham seu sustento puxando carroças em busca de ferro e papel velho. De acordo com matéria do Diário do Grande ABC, de 16/04, estes trabalhadores ganham em média 8 centavos o quilo de ferro e 7 centavos o quilo de papel que recolhem ao longo de sua caminhada de 20 qiolômetros ou mais, rendendo ao final do dia cerca de R$ 20,00.
Comparar o trabalhador com animais não é coisa nova. No final do século passado, Frederick Taylor, o pai da Administração Científica do Trabalho, denominava o tipo idealizado de trabalhador, para uma determinada tarefa, como “homem-boi”.
Todavia, no caso brasileiro particularmente, é grande a contradição de viver em uma sociedade de seres racionais, que pensa formas científicas de trabalho e faz a modernidade, mas que incentiva o surgimento de homens-bois, e pouco fazem para evitar que homens cavalos surjam. Aliás, cabe dizer que nada se tem contra os animais. Mas, é preciso acabar com as desigualdades econômicas e sociais e as injustiças que fazem com que este animal racional chamado homem trate seus iguais como bois, cavalos ou outros bichos mais.
Subseção Dieese