Homens de Honra
No último dia 30, um dos canais da TV a cabo, o Telecine 1, mostrou um filme memorável: Homens de Honra. Trata-se da história de Carl Brashear, o primeiro afro-americano a conquistar o posto de mergulhador chefe e depois de comandante da Marinha dos Estados Unidos.
No início dos anos 60, período marcado por uma reação violenta da maioria branca aos movimentos dos negros pelo reconhecimento dos seus direitos civis, o jovem Carl deixa a pequena propriedade rural onde nascera, levando consigo, além da esperança de ingressar na marinha, um singelo presente dado pelo pai: um rústico rádio-transistor, feito de madeira, no qual estava gravada a mensagem: para nunca esquecer.
Sua vida, a partir deste momento é uma seqüência comovente de atos de coragem contra a discriminação racial reinante no país e de determinação pela conquista de um ideal: tornar-se mergulhador da marinha americana. Um sonho aparentemente impossível para um simples auxiliar de cozinha, lugar reservado para os nigger, termo pejorativo usado pelos brancos para se referir aos negros. Indicado para a escola de mergulhadores por sua brilhante performance na natação, passa por humilhações inomináveis e a elas responde com a mesmo senso de dignidade e de determinação: supera as limitações da sua precária formação escolar, dedicando infindáveis horas ao estudo; não se deixa abalar pelo fato dos demais estudantes se recusarem a compartilhar com ele o mesmo alojamento; num gesto dramático, supera todos os limites da resistência física na prova final, vencendo com honra as condições desleais em que enfrentara esse desafio. Consegue a certificação, apesar do general que o persegue ter tentado, por todos os meios, impedir. Anos depois, é condecorado pela coragem numa missão de alto risco, ocasião em que perde uma perna. Provou que podia continuar, mesmo assim, a exercer a profissão de mergulhador e se tornou, anos mais tarde, o primeiro negro a assumir o cargo de comandante da marinha americana.