Homeopatia: 4 a cada 10 vezes

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Você usaria um remédio que funciona em menos de quatro a cada 10 vezes? Ou usaria uma ferramenta que falha seis vezes a cada dez que você a utiliza?

Surgida no final dos anos 1700, por um médico alemão, a homeopatia se baseava na ideia de que o corpo pode restaurar seu equilíbrio, se fossem fornecidas substâncias que, por si, causem os mesmos sintomas da doença.

Os preparados homeopáticos, feitos de ervas ou minerais, são diluídos em água. O inventor acreditava que, diluindo mais e mais vezes, o princípio homeopático seria “potencializado”.

Químicos notaram que, após tantas diluições, não havia sequer uma molécula do preparado inicial no final. Homeopatas então afirmaram que o efeito estava presente porque a água retém uma “memória” da “essência vital” da erva ou mineral.

Este é o princípio medicamentoso homeopático. Mas a homeopatia, a esta época evoluindo em paralelo com a medicina alopática (a que você conhece), se detinha à cuidada avaliação da pessoa, inclusive de suas características de temperamento e comportamento. Daí pessoas diferentes com a mesma doença recebiam formulações diferentes, o que não ocorria na alopatia. Pronto, não dá para ver quem cura mais. E como a homeopatia levava muito em consideração o temperamento, conseguia sempre algum resultado, se aproximando do efeito placebo, os 40%.

Um grande estudo de 2005 conseguiu mostrar que os resultados onde a homeopatia igualava a alopatia eram tecnicamente não confiáveis. Com isso, vários países europeus pararam de custear os tratamentos. Um dos primeiros foi a Suíça, em 2017, a Inglaterra e, em 2021, a França, lar do laboratório Boiron, provavelmente o maior do mundo.

E a discussão chegou ao Brasil por causa do livro da Natália Pasternak e Carlos Orsi, no qual eles mapeiam pseudociências e crenças populares no Brasil: “Que bobagem”, da editora Contexto.

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Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente