Hospícios ou reintegração social?

Ainda existem milhares de pessoas encarceradas em hospícios no Brasil, em condição de descaso e abandono e sofrendo terapias agressivas, mas a luta antimanicomial já trouxe avanços como um novo modelo de assistência em saúde mental.

É fundamental repensar o tratamento dado às vítimas de transtornos mentais, respeitando seu  direito de inserção na sociedade

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, comemorado em 18 de maio, foi marcado neste ano por várias atividades no Grande ABC. Em Diadema, as secretarias municipais de Saúde e Cultura promoveram palestras e espetáculos para discutir cuidados e formas de tratamento em liberdade às pessoas portadoras de transtornos mentais graves e persistentes. Em Santo André, o Fórum Popular de Saúde Mental do Grande ABC levou a questão às ruas com programação de peças teatrais no calçadão da Oliveira Lima e Parque Celso Daniel, ambos baseados no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.

Os eventos lembraram a importância de inserção destas pessoas na sociedade, garantindo-lhes o direito à cidadania. O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial (MNLA) existe há cerca de duas décadas no Brasil. Tem como metas o fechamento de hospícios e manicômios do País e a promoção de uma cultura de tratamento, convivência e tolerância junto à sociedade para as pessoas com sofrimento emocional de qualquer tipo.

Apesar de ainda existirem milhares de pessoas encarceradas em hospícios no Brasil, em condição de descaso e abandono e com terapias agressivas como o choque, as ações da luta antimanicomial já trouxeram muitos avanços, como a aprovação da lei 10.216, que redefiniu o modelo assistencial em saúde mental.

Dentre as características do atendimento realizado em Diadema, por exemplo, está a condição de que deve ser oferecido o mais próximo da residência do paciente. A idéia é consolidar os laços comunitários, e para tanto é dado suporte médico e psicossocial a usuários e familiares.

Desrespeito – Pessoas afastadas do convívio social, encarceradas e caladas. Este grave desrespeito aos direitos humanos ainda passa longe da percepção do cidadão comum, já que não é notícia corrente, mas continua enchendo os bolsos dos empresários da loucura.

A população em geral, até mesmo as classes mais favorecidas, tem poucas informações sobre como procurar ajuda em caso de crise emocional na família, e a idéia da internação psiquiátrica ainda é a primeira que aparece como alternativa.

Para os defensores da luta antimanicomial é preciso repensar o cuidado para com essas pessoas, respeitando as diferenças e ao mesmo tempo combatendo o preconceito.