IBGE espera ritmo menor de crescimento nos próximos meses

A política monetária contracionista praticada pelo governo do fim de 2010 até meados deste ano para frear a expansão da economia e da concessão de crédito ainda terá efeitos sobre o setor varejista nos próximos meses. O impacto reduzirá o ritmo de crescimento do segmento, cuja atividade crescerá moderadamente, na avaliação de Nilo Lopes, técnico da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para ele, o aumento do salário mínimo, o recebimento do 13º salário e as esperadas reduções na taxa básica de juros (Selic) podem dar fôlego ao varejo, mas esse resultado é incerto

Lopes diz que a diminuição de 0,5 ponto percentual na Selic, para 12% ao ano, feita em agosto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), repercutirá dentro de dois a três meses, uma vez que ao varejo importa mais o nível de inadimplência. As mudanças diárias no spread bancário não pesam para os varejistas no curto prazo, explicou.

O comércio varejista cresceu 1,4% em julho, em relação a junho, quando o avanço foi de 0,3%, mostrou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), com ajustes sazonais, divulgada ontem pelo IBGE. O desempenho do varejo em julho foi impulsionado pelo setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que avançou 1,6% na comparação com junho. O volume de vendas desse segmento em julho foi 4,5% superior em relação a igual mês de 2010. Na mesma base de comparação, a receita nominal subiu 12,8%, enquanto entre junho e julho a alta foi de 1,6%, com ajuste sazonal.

“A taxa poderia ter sido maior, não fosse a inflação de alimentos”, disse Lopes. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nos últimos 12 meses encerrados em julho, a alimentação em domicílio encareceu 8,3%. “Em momentos de inflação mais forte, as pessoas acabam substituindo produtos mais caros por mais baratos, o que impacta as receitas do setor”, acrescentou o economista do IBGE.

Já o volume de vendas do comércio varejista ampliado – que inclui veículos e material de construção – cresceu 0,6% em julho, na comparação com junho, depois de um aumento de 0,5% no mês anterior. Os dados descontam os efeitos sazonais. A receita nominal do varejo ampliado subiu 1% entre junho e julho, depois de uma alta de 1,2% no mês anterior. Na comparação com julho do ano passado, o volume de vendas do varejo ampliado recuou 7,7%, enquanto a receita nominal subiu 10,5%. O comércio de veículos e motos, partes e peças subiu 0,9% em julho na comparação com junho.

Do Valor Econômico