Idade dos carros está encurralando indústria europeia frente aos chineses

Renault lidera em renovação, mas Stellantis e VW ainda operam com portfólios antigos enquanto marcas chinesas aceleram lançamentos

Após o grande número de novos modelos e marcas chinesas apresentados durante o recente Salão de Xangai, em contraste com as pouquíssimas apresentações de fabricantes estrangeiros, é fácil concluir que a lentidão na renovação da linha de modelos é o principal ponto fraco da indústria automotiva ocidental.

Nesta análise, vamos examinar os casos emblemáticos dos três maiores fabricantes europeus no cenário do Velho Continente, que é diferente do brasileiro: o Grupo Volkswagen, o Grupo Stellantis e o Grupo Renault a partir de um indicador simples, mas revelador: a idade média dos carros que cada um oferece atualmente no mercado europeu. Apesar de ter apenas 22 modelos à venda entre suas marcas Renault, Dacia e Alpine, o Grupo Renault possui hoje o portfólio mais jovem da Europa, com idade média de 3,6 anos.

A renovação recente de uma boa parte da gama ajudou a manter esse número baixo. O Grupo Volkswagen, que inclui marcas como Audi, Skoda, Porsche, Cupra e Seat, lidera em volume de vendas e variedade de produtos na Europa. A média de idade dos modelos do grupo é de 4,8 anos – um número respeitável considerando a complexidade do portfólio. O pior desempenho entre os três grandes grupos europeus é da Stellantis, com uma idade média de 5,2 anos em sua linha de 58 modelos.

Mesmo com marcas de forte presença como Peugeot, Fiat, Citroën e Jeep, o grupo sofre com modelos antigos que ainda seguem em linha. Enquanto os grupos europeus trabalham com ciclos de desenvolvimento com média de quatro anos do conceito ao carro final, as montadoras chinesas conseguiram cortar esse tempo pela metade. O que se viu em Xangai é reflexo dessa agilidade: dezenas de lançamentos, novas submarcas, e uma capacidade de adaptação que tem se mostrado cada vez mais eficaz em mercados como o do Sudeste Asiático e América Latina — e que começa a assustar até os consumidores europeus mais conservadores.

Do Motor1