Importação de veículos deixa de gerar mais de 102 mil empregos

No ano passado, as montadoras importaram 634,8 mil veículos; juntas, as maiores do país, Volks, Ford, Fiat, GM foram responsáveis por 50% do total

As importações de veículos no mercado nacional no ano passado provocaram um déficit de US$ 5,1 bilhões na balança comercial do setor automotivo. O resultado negativo chega a influenciar diretamente na criação de empregos no País. Estudo realizado pela subseção Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aponta que 102,6 mil postos de trabalho deixaram ser criados na cadeia de produção automotiva em 2010.

O Brasil importou 634,8 mil veículos. O montante importado totalizou U$ 17,3 bilhões contra US$ 12,1 bilhões em exportações. As quatro maiores montadoras instaladas no País: General Motors, Volkswagen, Fiat e Ford foram responsáveis por 50% do total. Se os modelos tivessem sido produzidos no mercado interno, somente nas montadoras haveria 20,5 mil novos empregos. 

O impacto das importações no emprego deve ser avaliado pelos diversos setores da sociedade. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre, é preciso promover um debate profundo e permanente da questão para encontrar soluções. “Não somente de curto prazo, mas de médio e longo prazo, através de fóruns que reúnam empresas, trabalhadores e poder público”, ressalta. 

Nobre afirma que seria possível absorver essa produção e atender à demanda se houver investimento em ampliação da capacidade de produção e se novas empresas se instalarem aqui. “Países como a China e Índia já fazem isso porque tomaram a decisão de produzir internamente. Temos de tomar essa decisão também porque se continuarmos importando não haverá crescimento da capacidade de produção e nem novos investimentos. 

O sindicalista chama atenção ainda para que as montadoras instaladas no País se comprometam em dar segurança ao parque nacional de autopeças. “Se isso ocorrer de fato, os fornecedores podem investir no aumento da capacidade de produção e atender à demanda. As montadoras já instaladas e as novas que estão chegando devem cumprir o índice de nacionalização esti pulado pelo regime automotivo”, frisa. 

Déficit automotivo
De acordo com o estudo da subseção Dieese do Sindicato, o total de empregos nas montadoras em 2010 somou 117 mil empregos, que poderia ser 20% maior, caso os modelos importados fossem produção nacional. 

Para o professor de Ciências Econômicas da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo) Sandro Maskio, essa perda de oportunidades é um número expressivo, mas é preciso destacar que o País possui deficiências de infraestrutura e altas taxas tributárias. “Cientes desse problema, os empresários optam pela produção de veículos fora do Brasil para obter melhores resultados. O governo federal precisa rever urgentemente os tributos para que as montadoras orientais instalem suas unidades no ABCD ou no Brasil”, disse.

Os países que mais contribuíram para o déficit da balança comercial do setor automotivo foram os da União Europeia (US$ 2,9 bilhões) e Coreia do Sul (US$ 2,1 bilhões). 

O economista avalia também a necessidade de melhorar a taxa de câmbio para tornar as empresas mais competitivas. “Mais do que reduzir os tributos, a tarifa cambial precisa passar por uma revisão, o que seria atrativo para as montadoras aumentarem a produção. 

Do ABCD Maior