Importações ameaçam emprego também na linha branca

Em São Carlos, trabalhadores vão parar o centro da cidade para protestar contra importações desenfreadas e defender produção nacional e emprego


Erick Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos, e Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, organizam ato para protestar contra as importações desenfreadas. Foto: Rossana Lana / SMABC

Os metalúrgicos de São Carlos (SP) realizarão um grande ato nos próximos dias, quando vão parar o centro da cidade para protestar contra as importações desenfreadas e defender a produção nacional e o emprego.

“Como já dissemos, a importação será o grande desafio desse ano”, alertou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, que participa da organização do evento.

“O problema não acontece apenas nos setores metal-mecânico ou eletroeletrônico, as compras de produtos no exterior afetam toda a indústria brasileira, que não cresceu nos últimos três meses por causa dessa concorrência desleal”, destacou o dirigente.

“Por isso o ato que realizaremos em São Carlos será apenas o primeiro de uma série de manifestações que os trabalhadores farão em todo o País para defender seus empregos e a produção nacional”, concluiu Sérgio Nobre.

Essa concorrência dos importados obrigou o governo federal a aumentar no ano passado os impostos nos setores automotivo (veículos) e de linha branca (geladeiras, fogões etc.) para proteger a produção nacional e os empregos.

Como contrapartida, o governo exigiu das montadoras instaladas no Brasil que 65% dos componentes dos carros fossem nacionais. A medida atingiu os objetivos pretendidos de manutenção da produção e do emprego.

Na linha branca o incentivo, no entanto, não foi acompanhado da obrigação de um índice de nacionalização, como nas montadoras. E todas as empresas do grande polo de linha branca de São Paulo, na região de São Carlos são multinacionais que aproveitam para trazer produtos prontos e um grande número de componentes do exterior.

Isso faz com que empresas como Electrolux e Latina, instaladas em São Carlos, Mabe, em Hortolândia e Itu, e Whilrpool, em Rio Claro, ganhem muito dinheiro.

Só em dezembro, por exemplo, a comercialização de refrigeradores, fogões e lavadoras de roupa saltaram 46% em relação a novembro e 30% na comparação com o Natal anterior.

Isto é, como sempre ocorre, o governo cumpre sua parte com incentivos para manter a produção, mas empresas e empresários embolsam os lucros em vez de gerarem empregos investindo na fabricação produtos melhores, mais baratos e que enfrentem os importados em igualdade.

O levantamento da balança comercial da linha branca, feito com base em 33 produtos do setor, mostra a veracidade dos argumentos apresentados pelo sindicato.

Segundo a pesquisa, as importações de produtos acabados cresceram 81,3%, passando de R$ 800 milhões em 2008 para R$ 1,4 milhão em 2011.

Já as exportações caíram de R$ 1 bilhão para R$ 600 milhões em 2011. Isto é, o comércio exterior passou de um superávit de R$ 600 milhões para um déficit de R$ 400 milhões.

Da Redação