Importações já provocam demissões
Trabalhadores na Magneti Marelli pagaram a conta por problemas enfrentados pela fábrica com o dólar. Na Toledo, representação sindical protesta contra importações da China.
Protesto na Magneti Marelli. Foto: Raquel Camargo / SMABC
Os problemas apontados no seminário Brasil do diálogo, da produção e do emprego – taxas de juros, importações, câmbio e impostos – já causam problemas para os metalúrgicos do ABC.
O câmbio, por exemplo, é a principal dificuldade na Magneti Marelli, autopeças de São Bernardo, onde, na última sexta-feira, o pessoal cruzou os braços após a demissão de um grupo de companheiros.
As dificuldades da empresa começaram quando ela direcionou sua produção para o exterior, principalmente aos Estados Unidos, beneficiada pelo dólar supervalorizado na época.
Com a forte queda no valor da moeda norte-americana nos últimos anos e a crise de 2008, a empresa passou a apresentar dificuldades. Hoje, a Magneti Marelli não consegue mais vender e quem paga a conta são os trabalhadores.
Na Toledo, fábrica de balanças em São Bernardo, são as importações da China que colocam em risco os empregos dos companheiros, denunciam os representantes sindicais Francisco das Chagas, o Chico Picanha, e José Caitano de Lima.
A fábrica traz daquele país asiático balanças de todos os tipos, deixando aos metalúrgicos daqui apenas a função de desencaixotar os produtos, colocá-los na linha de montagem e, depois, apertar os parafusos. Chico Picanha e Caitano revelam que a empresa também importa peças de reposição que não alcançam a qualidade das feitas aqui por causa de nossa mão-de-obra, muito superior a chinesa.
Além disso, várias vezes esses componentes necessitam ser retrabalhados devido ao baixo nível de sua qualidade. Os membros do CSE contam que já alertaram várias vezes a Toledo sobre esses problemas, mas a empresa garante que, mesmo assim, o produto importado sai mais barato.
Representantes dos Sindicatos e da Fiesp definem desdobramentos do seminário.
Foto: Rossana Lana / SMABC
Reunião entre sindicatos define próximas ações
Trabalhadores e empresários voltaram a reunir-se nesta segunda-feira para fazer um balanço e definir as próximas ações do seminário, realizado dia 26 de maio pelos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e de São Paulo, CUT Nacional, Força Sindical e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
“Foi um encontro importante para discutir como combater problemas que já afetam a categoria”, comentou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato. “Problemas que já causam desemprego em nossa base”, afirmou.
Segundo Miguel Torres, presidente dos Metalúrgicos de São Paulo, a prioridade agora é entregar à presidenta Dilma Rousseff o documento tirado no seminário para, em seguida, se formar os grupos de trabalho e enfrentar as dificuldades.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, destacou que o evento atingiu seus objetivos ao produzir visões convergentes de trabalhadores e empresários sobre os problemas da indústria e o que é necessário fazer para construir um País com justiça social dentro de uma sociedade competitiva.
Da Redação