Imprensa alemã diz que Lula é superstar e vai salvar o clima
No primeiro dia de sua viagem à Alemanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi tratado como estrela da política internacional em reportagens na imprensa local
O jornal Süddeutsche Zeitung, o de maior número de assinantes na Alemanha, editado em Munique e lido por 1,1 milhão de pessoas. se referiu a Lula como “superstar” em uma reportagem que afirma que o Brasil é festejado sob seu governo, como se só agora o país tivesse sido descoberto pelo resto do mundo.
Segundo o jornal, Lula não visita Berlim (ontem) e Hamburgo (hoje), “honra Berlim e Hamburgo”, a caminho de Copenhague, para “ajudar a salvar o clima”.
No texto, Lula é tratado como “o político mais popular do planeta”, “adorado por 80% dos brasileiros” e diante de quem “os poderosos do planeta fazem fila”. Para o jornal, Lula não visita Berlim (ontem) e Hamburgo (hoje), “honra Berlim e Hamburgo”, a caminho de Copenhague, para “ajudar a salvar o clima”.
Angela Merkel (pronuncia-se “Anguela”, embora Lula tenha ido de Angela mesmo) pode não ter feito fila para ficar frente a frente como Lula, mas tratou-o como “amigo” e até, no final da entrevista coletiva que ambos deram na Chancelaria alemã (a sede do governo), usou o “du” que é tu, rara intimidade de um alemão, que usualmente prefere o “sie”, de você, mas também de senhor.
Segue a tradução na íntegra da matéria “Lula Superstar” que saiu no Süddeutsche Zeitung:
Os brasileiros amam seu presidente Lula da Silva, os poderosos do mundo estão loucos por ele – agora “a figura mais admirada da terra” será recebida pela Chanceler Angela Merkel em Berlim.
Em um cinema brasileiro passa uma história de conto de fadas. Para a sua estreia em São Bernardo do Campo, próximo a São Paulo, se encontra sentado entre os 2000 mil convidados o personagem principal, um homem forte, com uma barba. Na área industrial, começou sua carreira legendária.
Com lágrimas nos olhos, Luiz Inácio Lula da Silva viu como ele veio uma vez no caminhão para fora da pobre Pernambuco.Como perdeu um dedo e sua primeira esposa. Como ele lutou como um líder sindical, combateu a ditadura militar, foi preso e fundou o PT.
Sua mãe lhe deu o apelido de Lula sem saber o que significava. “Lula, o filho do Brasil” é o filme sobre os primeiros 35 anos de vida do Presidente. Entretanto, sua carreira é um sucesso mundial.
Sob sua liderança, o gigante da América é celebrado, como se o resto do planeta o tivesse recém-descoberto. Brasil em breve será a quinta maior potência econômica, vende aviões, ônibus, café, minério de ferro, carne, açúcar e muito mais. É democrático, estável e líquido, descobriu muito petróleo em suas costas, organizará a Copa do Mundo de 2014 e em 2016, no Rio de Janeiro, os Jogos Olímpicos.
80 por cento dos brasileiros amam o seu Lula, estadistas são loucos por ele. Barack Obama chamou-o de “o político mais popular na terra” – recentemente houve um estremecimento na relação entre os dois devido à visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, e à questão de Honduras. Gostam de Lula desde Obama, Bush, Putin, Chávez, Castro, Nicolas Sarkozy, a rainha Elizabeth, Abbas, Peres, Ahmadinejad, e assim por diante. Agora, ele pode será recebido, após sua visita de 2008, pela chanceler Angela Merkel.
“The Rebel” transformado
Até sexta-feira, Lula dará a honra de visitar Berlim e Hamburgo. Depois irá para Copenhague, onde recentemente recebeu a confirmação das Olimpíadas e agora ajudará a salvar o clima. A Alemanha não é a China, principal parceiro comercial do Brasil, mas ambos estão intimamente ligados. As importações brasileiras da Alemanha dobraram desde 2004 para 9,5 bilhões euros, no sentido contrário, dobraram para 8,7 bilhões de euros. A Câmara de Comércio em São Paulo representa 1.200 empresas alemãs, megalópole com 20 milhões de habitantes, o mais importante centro industrial. A Volkswagen do Brasil fez 50 anos em novembro. A ThyssenKrupp está construindo uma usina siderúrgica perto do Rio de Janeiro por 4,7 bilhões de euros. Infelizmente, os submarimos, para modernizar as Forças Armadas brasileiras, Lula comprará de Sarkozy em Paris, um deles de propulsão nuclear.
O rebelde transformado ama tais projetos. Lula promove a exploração de petróleo pela Petrobras nas profundezas do Atlântico, a destilação do etanol biocombustível da cana de açúcar, as usinas nucleares nas verdes baías de Angra com a tecnologia Siemens. Logo, para o desgosto dos ambientalistas, o Rio São Francisco no Nordeste será desviado (??) para irrigar o Sertão seco e no paraíso natural do Rio Xingu criar uma usina hidrelétrica. O apagão de algumas semanas atrás o irritou muito.
O antigo lutador de barricadas já se arranjou com o capital, quando denunciou que a crise financeira era resultado do “comportamento irracional dos branco de olhos azuis”. O Brasil, uma vez altamente endividado e com alta inflação, sobreviveu ao colapso graças a intervenções inteligentes. A estrela vermelha na lapela está encolhendo, mas um pouco de Estado e nacionalismo, Lula gosta de ter ao lado do mercado. Ele não quer entregar o povo aos especuladores,. Quando assumiu em 2002 prometeu o “Fome Zero”. Hoje, o governo paga 80 milhões de euros a pessoas necessitadas, na esteira do programa social Bolsa Família. Esmolas, afirmam seus opositores, mas comunidades inteiras avançaram para a classe média baixa e se tornaram consumidores. Nenhum outro chefe de Estado se move tão facilmente entre as favelas e a Wall Street como Lula, da reputação do Brasil como global player, bric-estado e poder regional.
Mas o que vem depois dele? Lula deixará o poder em 2010, depois de dois mandatos. Ele resisitiu à tentação de uma emenda constitucional, que lhe permitisse permanecer no poder, apesar da alta popularidade. Para herdeiro, ele escolheu Dilma Rousseff, ex-guerrilheira, agora sua primeira-ministra. Como típica funcionária, ela pode perder a eleição em outubro de 2010. Ela não é a metade do que seja o filho do Brasil, que vai ser admirado por todo o país a partir de janeiro nos cinemas.
Do Blog do Nassif