Imprensa brasileira é pior que a Inquisição

A professora e filósofa Marilena Chaui confirmou sexta-feira à noite, após debate no 5º Congresso, que a direita e as forças conservadoras tentam se rearticular no País contra os avanços dos movimentos sociais e dos trabalhadores. Para isso contam com o apoio dos meios de comunicação, que usam métodos piores que os da Inquisição.

O alerta tinha sido feito no dia anterior pelo presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, para quem os assassinatos de um dirigente sindical no Rio Grande do Sul no começo de outubro, de três líderes sem-terra há cerca de dez dias e a violência de bate paus contra sindicalistas na porta de uma fábrica em Belo Horizonte não são ações isoladas.

Chaui é professora titular de filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e falou sobre Ética na Política por mais de duas horas para um grupo de metalúrgicos que lotou o salão do terceiro andar.

Informação como controle social

Marilena Chaui afirmou que os meios de comunicação usam métodos muito piores que os utilizados pela Santa Inquisição durante a Idade Média. Ela contou que na época, quando as pessoas eram acusadas de não seguir o determinado pela Igreja Católica, eram perseguidas, presas, torturadas e até mortas.

“Isto fazia parte de um processo de intimidação para manter o controle da Igreja sobre a sociedade. Desta forma, obrigavam os perseguidos a voltar atrás em suas opiniões e a não contestar o poder”, prosseguiu. “Caso contrário, podiam morrer”.

A professora alertou, contudo, que os processos que a Inquisição recorria eram conhecidos por todos, assim como o que podia ocorrer. “Apesar de terríveis, pois terminavam inclusive com pessoas queimadas ainda vivas na fogueira, os métodos da Inquisição eram sabidos”, continuou Chaui. Isto, notou a filósofa, não acontece com os meios de comunicação atualmente.

“Sempre que os donos de tevês, jornais e outros se sentem ameaçados por algum governo ou mudança na ordem política, ou quando os interesses econômicos desses mesmos proprietários ou de quem representam correm riscos, eles partem para a acusação sem provas, ninguém sabe o que ocorre”, acusou a filósofa.

A construção das verdades

Ela explicou que, da mesma forma que a Inquisição, os meios de comunicação não se ocupam apenas com a destruição das pessoas ou instituições.

“A mídia não se preocupa em provar as acusações que faz. Cria a opinião que interessa a ela na sociedade e, a partir daí, realiza todo um trabalho para provar, de qualquer maneira,  que o que diz é verdade”, denunciou a professora.

Poder

Para agravar, os computadores multiplicam de forma incrível a velocidade das informações fabricadas – o que não ocorria na Idade Média que em segundos percorrem todo o mundo e penetram em toda a sociedade.

“A partir daí a verdade dos meios de comunicação passa a ser a verdade para todos e alcançam um poder maior do que o exercido pela Inquisição”, disse Chaui.

Só reforma política pode resolver

A filósofa afirmou que a única possibilidade de o País enfrentar a atual crise política e outras que possam aparecer é por meio de uma reforma política republicana e democrática.

“As CPIs não resolvem os problemas políticos porque visam os indivíduos e não o sistema nem as causas”, reclamou. “É preciso passar da crise moralizante da corrupção à crítica cívica da instituição”, prosseguiu.

Para Chaui, o sistema político provoca problemas de governo aos partidos que vencem as eleições mas não conseguem maioria parlamentar. “Para resolver essa dificuldade corre-se o risco passar da negociação para a negociata”, alertou.

“Os seres humanos são movidos por paixões como ódio, cobiça e inveja, mas as mudanças não falam disso. E afastar as paixões da política é impossível”, disse.

“Por isso, temos que fazer reformas que obriguem o administrador a s