Imprensa na crise: A notícia nova desprezada e a velha requentada

Há dias que as CPIs não geram novos fatos. Enquanto isso, a imprensa mantém o noticiário requentando notícias velhas.

Quando tem fatos novos, como ontem, quando o empresário Marcos Valério apresentou uma lista de tucanos (gente do PSDB) sacadores de suas contas, nada de destaque nos jornalões.

Tudo o que não for relacionado ao governo Lula e ao PT não merece destaque, principalmente quando o foco é o PSDB.

R$ 9 milhões

Marcos Valério denunciou que o esquema de caixa dois começou nas eleições de 1998, quando deu R$ 9 milhões ao PSDB. O dinheiro foi para favorecer a coligação do PSDB na campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo, o então governador de Minas Gerais.

Valério apresentou uma nova lista de 79 sacadores. Dela, constam dois secretários do governo Aécio Neves, do PSDB. Nada disso ganhou ao menos uma manchete de página interna.

Desfaçatez

O que mais espanta na parcialidade da imprensa foi a pressa em dar voz a Alberto Goldman, deputado tucano por São Paulo. Veja o que ele disse sobre a lista: “Lá (em Minas Gerais), o objetivo era eleitoral e se concluiu no dia da eleição. A montagem que temos hoje incluiu a estrutura de governo”.

O argumento dele é um choque com outra revelação de Marcos Valério. O empresário disse à CPI que se recusou a cobrar o PSDB para não colocar em risco os contratos que tinha com empresas públicas. Suas agências eram responsáveis pelas contas dos Correios, da Eletronorte e dos ministérios dos Transportes e do Trabalho. Tudo durante o governo FHC.