Impunidade

Você, certamente, está cansado de ler, ouvir e assistir autoridades ocupando espaços na mídia para estrelar papéis de mocinhos desvendando seqüestros glamourosos ou para defender ações miraculosas contra o crime.

Você, certamente, está cansado de ler, ouvir e assistir autoridades ocupando espaços na mídia para estrelar papéis de mocinhos desvendando seqüestros glamourosos ou para defender ações miraculosas contra o crime: proibição da venda de celulares sem identificação dos compradores; bloqueio de seus sinais dentro das prisões e assim por diante…

Santa ingenuidade! Como se pedir identidade ao criminoso evitasse a farsa! Enquanto isto, o verdadeiro alvo da ação de emergência necessária continua esquecido. É óbvio que, para acabar de vez com os celulares dentro das prisões, o único caminho eficiente é atacar as redes de apoio ao crime dentro das prisões. Redes que não são comandadas por freiras, naturalmente.

O que está faltando no combate ao narcotráfico e ao crime organizado, na verdade, é falta de coragem por parte das autoridades para atacar o próprio envolvimento do seu aparelho de segurança com a onda de violência. Coragem para investigar quem continua plantando falsas pistas nas investigações para apurar o assassinato de Celso Daniel. Coragem para apurar as ramificações do crime dentro da própria polícia.

O resto é pirotecnia. Jogo de cena cujo objetivo é ganhar tempo, matar de inanição nossa esperança de ver os assassinos do prefeito do PT condenados e as quadrilhas de seqüestradores, que andam às soltas pelas ruas, aprisionadas. Se este jogo funciona, tudo terá sido em vão.

Mas não vai funcionar. Até porque a onda de indignação gerada a partir daquele 19 de janeiro, em Santo André, continua sendo diariamente alimentada por mais impunidade. E isto tem de ter um fim!

Luiz Marinho é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presidente de honra da Unisol-União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo e Coordenador do Mova Regional