Impunidade 14 anos depois

Na madrugada do dia 9 de agosto de 1995, um grupo formado por policiais militares, jagunços e pistoleiros avançou sobre as 600 famílias acampadas em parte da Fazenda Santa Elina, em Corumbiara (RO), disposto a acabar com o acampamento. Houve resistência dos posseiros, que organizaram a retirada e internaram-se na mata.
Foi uma ação sanguinária.
Homens, mulheres, idosos e crianças foram presos e espancados. Pessoas feridas e sem condições de reagir foram executadas friamente.
O campinho de futebol virou uma espécie de campo de concentração, onde policiais encapuzados torturam os trabalhadores e executam barbaridades, como obrigar um camponês a comer a massa do cérebro de outro espalhada pelo chão. Corpos foram cremados.
Coronel e latifundiário Oficialmente foram onze mortos, nove camponeses e dois policiais, inclusive a menina Vanessa, de 6 anos, com um tiro nas costas. Sete foram dados como desaparecidos, 55 receberam ferimentos graves e mais de 200 ficaram com sequelas físicas e psicológicas que duram até hoje, muitos com balas alojadas no corpo. Pelas contas das vítimas, os mortos foram 120.
Toda a ação foi acompanhada pela imprensa e o massacre teve repercussão internacional. A Justiça condenou dois camponeses pela morte de dois policiais, e só. O responsável pelo massacre, o latifundiário e coronel da reserva Antonio Duarte do Vale, nem foi citado no processo.
Em 2004, a Organização dos Estados Americanos (OEA) responsabilizou o Brasil pelo massacre e determinou pagamento de indenização às vítimas, reconhecendo que o massacre contra os camponeses foi uma operação de guerra em tempos de paz. Até hoje, nenhuma indenização foi paga.

 
Ação resultou em mortos, torturados, feridos e desaparecidos