Inaugurado curso da Educafro em São Bernardo
Aula inaugural contou com a presença do Frei David, coordenador da Educafro, e de Sérgio Nobre, presidente do Sindicato
Rossana Lana / SMABC
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, abraça Frei David, coordenador da Educafro
A aula inaugural do curso de pré-vestibular do convênio Educafro e Sindicato, realizada sábado no Centro de Formação Celso Daniel, se transformou num ato em defesa do aumento do número de pobres e negros nos cursos de formação e pela ampliação das cotas nas universidades.
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, lembrou que a elite era contra a cota argumentando que ela colocaria pessoas despreparadas nas faculdades, que iriam impor um rebaixamento na qualidade do ensino. Depois constatou-se que as pessoas que entraram pelas cotas eram os melhores alunos.
“O sistema de cotas significa mudar o Brasil”, comentou Sérgio Nobre. Ele disse que nestes anos de dirigente sindical só viu um negro na mesa de negociação, mas não era brasileiro e sim filho de uma francesa.
“Também nunca fui recebido por uma secretária negra. E as pessoas ainda dizem que não existe discriminação”, comentou, argumentando que as cotas são a oportunidade de mudança de vida do filho do trabalhador.
Sérgio disse que na TVT, que será inaugurada em agosto, todos terão vez. “Na nossa tevê o pobre e o negro terão oportunidade de falar. É uma comunicação para valer”.
Educafro tem 200 salas no País
Frei David, coordenador da Educafro, espera que a abertura do curso aqui no Sindicato signifique a retomada de outras parcerias com as entidades sindicais. “Vamos torcer para que todos os sindicatos invistam na formação de seus quadros e da comunidade ao redor. Um dos nossos sonhos é abrir mais núcleos nos sindicatos para que o povo se organize”, afirmou.
O frei disse que a Educafro tem cerca de 200 salas presenciais no País. São mais de 10 mil alunos nas universidades ou já formados e 6 mil fazendo os cursos e se preparando para fazer a faculdade ou serviço público.
Aqui no ABC a Educafro abriu a primeira sala há dez anos e hoje conta com 15 cursos, um deles na Regional Diadema. “Já tivemos 300 formados aqui na região”, contabiliza ele.
Elizângela Marques, coordenadora do curso, disse que, por unanimidade, os alunos escolheram o presidente Lula para dar nome ao curso. “Como trabalhador e sem curso universitário, ele até hoje é vítima de preconceito e discriminação”, comentou.
Já o coordenador do Coletivo de Igualdade Racial do Sindicato, Cláudio Teixeira, o Zuza, o novo curso é mais uma etapa na luta do povo negro de ocupar espaços sociais. “Quero que o curso simbolize para a comunidade o que Lula fez pelo povo negro na educação, com as cotas, o ProUni e as políticas afirmativas”, concluiu.
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