“Incêndio” da crise passou e hora é de “reconstruir”, diz Mantega
O ministro da Fazenda disse que é cedo para interromper políticas de estímulo econômico
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se referiu à crise econômica mundial durante sua visita a Washington e disse que as grandes economias do planeta já conseguiram ´´apagar o incêndio e agora é preciso reconstruir a casa´´.
Os comentários do ministro foram feitos na quarta-feira (5), após um encontro com o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner. ´´A crise financeira propriamente dita está superada. Não há mais riscos de quebradeira´´, afirmou o ministro.
Apesar disso, Mantega acrescentou que Estados Unidos e Brasil compartilham da percepção de que ainda é cedo para deixar de lado políticas de estimulo econômico.
Mantega disse concordar com a proposta americana de ampliar os poderes do Federal Reserve, o Banco Central Americano (Fed), e disse que o colega americano está de acordo com a idéia brasileira de fortalecer o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
G20
Um dos propósitos do encontro entre Mantega e Geithner foi o de traçar metas comuns para a reunião do G20, grupo que tem a participação das 20 maiores economias e inclui diversos países em desenvolvimento, que será realizada na cidade americana de Pittbsburgh, nos dias 24 e 25 de setembro.
O ministro acrescentou que ele e o colega americano estão de acordo sobre o fortalecimento do G20, que, na visão do ministro, é hoje o principal fórum multinacional, superando em importância o G8, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.
Antes do encontro em Pittsburgh, haverá, no dia 4 de setembro, uma reunião de ministros das pastas econômicas das nações que integram o G20.
Mantega afirmou que o Brasil pretende levar à reunião uma proposta de regulação dos sistemas financeiros.
´´O sistema financeiro tem que ser regulamentado. Caso contrário, dentro de alguns anos teremos uma repetição da crise´´, afirmou, acrescentando que é preciso ´´estabelecer limites para atuação de instituições financeiras´´.
O ministro da Fazenda identificou também neste tema uma sintonia com a visão dos Estados Unidos.
De acordo com Mantega, a proposta possui ´´vários pontos de convergência com a americana´´, em referência à que está sendo discutida atualmente pelo Congresso americano.
Troca-troca
Durante a passagem por Washington, Mantega se encontrou com o representante brasileiro no FMI, Paulo Nogueira Batista, e negou rumores de que o diretor-executivo do Fundo será o substituto de Lina Vieira na Receita Federal, demitida no último dia 15.
´´Não sei quem inventou essa história. Ele é um excelente diretor no Fundo. Sempre me reúno com Paulo Nogueira quando venho a Washington. Vou tomar essa decisão (sobre o novo nome para a receita) quando voltar a Brasília´´.
O ministro também comentou o convite feito nesta quarta-feira por senadores ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para que ele se candidate a algum cargo político.
Mantega frisou que Meirelles não disse que aceitava a proposta e brincou:
´´Digamos que eu pretenda me candidatar a vereador. Uma possibilidade bem remota. Existe uma política de governo, definida pelo presidente Lula, que vai continuar. Temos uma política de metas inflacionária. A política a ser seguida será a mesma, seja com ele ou sem ele.´´
Da BBC Brasil