Inclusão Racial não pode parar
No Brasil, novembro é um mês de destaque para a história da população negra. Um período em que se vê um esforço coletivo para denunciar, cobrar, apresentar e também celebrar as importantes conquistas e vitórias das pessoas negras.
Recentemente o Dieese lançou mais uma edição do Boletim Especial de 20 de novembro. O estudo mostra a persistente desigualdade entre negros e não negros no mercado de trabalho brasileiro, e mostra sobretudo, que a mulher negra é quem mais sofre os impactos da desigualdade.
O boletim revela que os trabalhadores não negros recebem, em média, mais do que os negros. No segundo trimestre de 2022, por exemplo, enquanto o homem não negro recebeu um salário médio de R$ 3.708 e a mulher não negra, R$ 2.774, uma trabalhadora negra ganhou, em média, R$ 1.715, e um homem negro, R$ 2.142. Esses números indicam que a mulher negra recebeu, em 2022, apenas 46,3% do rendimento recebido pelo homem não negro. Para o homem negro, essa proporção foi de 58,8%.
O Brasil é um país onde quase a metade das pessoas ocupadas está na informalidade, onde se concentra a maior parte dos trabalhadores negros e pardos. Neste segundo trimestre, quase metade das mulheres negras (47,3%) trabalhavam sem proteção. Entre os homens negros, 30,1% são trabalhadores por conta própria e 18,1% são assalariados sem carteira.
São, portanto, trabalhadores que estão fora do sistema de proteção social, que não tem acesso à seguridade social, com menos possibilidade de se aposentarem, e que não tem acesso aos direitos trabalhistas.
Até pouco tempo denunciar desigualdades como as observadas acima no mercado de trabalho não era objeto de grande repercussão, e ainda falta muito para avançarmos. No entanto, é preciso celebrar o dia e o mês da Consciência Negra. Essa data transformou-se num ato político de afirmação, mas sabemos que é preciso ir além do calendário e seguir lutando por efetivas políticas de reparação e de inclusão racial, sempre em busca da justa e necessária igualdade social.
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