Índice de suicídio nos EUA subiu na recessão
O índice de suicídios nos Estados Unidos subiu acentuadamente durante os primeiros anos da atual recessão, constatou uma nova análise divulgada agora.
No relatório, publicado domingo no site da revista médica “Lancet”, os pesquisadores constataram que o índice de suicídios no período 2008-2010 aumentou quatro vezes mais rápido que nos oito anos anteriores à recessão.
O índice de suicídios cresceu a uma média de 0,12 morte por 100 mil pessoas entre 1999 e 2007. Em 2008, ele começou a subir em 0,51 morte por 100 mil pessoas a cada ano. Sem a elevação no índice de suicídios, teriam ocorrido 1.500 mortes por suicídio a menos durante o período, nos Estados Unidos, de acordo com o estudo.
Europa
A constatação não surgiu de forma inesperada. Os índices de suicídio muitas vezes ganham força durante recessões econômicas, e recentes estudos sobre o número de suicídios na Grécia, Espanha e Itália apontam para tendências semelhantes.
O novo estudo é o primeiro a analisar o ritmo de mudança nos Estados Unidos em base estadual, utilizando dados sobre suicídio e desemprego para o período que vai até 2010.
“A magnitude desses efeitos é ligeiramente maior do que a estimada previamente, para os Estados Unidos”, escrevem os autores do estudo publicado anteontem.
Isso pode significar que a presente desaceleração econômica foi mais prejudicial à saúde mental do que as crises anteriores que o país enfrentou, concluem os pesquisadores responsáveis pela realização do estudo.
A equipe de pesquisa vinculou o índice de suicídios ao desemprego por meio de dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e do Serviço de Estatísticas do Trabalho.
Desemprego
Cada aumento de 1% no desemprego vem acompanhado por cerca de 1% de aumento no número de suicídios, o estudo constatou.
Correlação semelhante foi encontrada em alguns países europeus depois do início da recessão econômica naquele continente. A análise aponta que a correlação entre desemprego e suicídio é mais ou menos a mesma em todas as regiões do país.
O estudo foi conduzido por Aaron Reeves, da Universidade de Cambridge, e Sanjay Basu, da Universidade Stanford, e incluiu pesquisadores da Universidade de Bristol, Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e também da Universidade de Hong Kong.
Da Folha de S. Paulo