Índices positivos na indústria e comércio em março revelam que economia brasileira começa a superar a crise
Supermercados e setor automotivo registraram elevação nas vendas; Fiesp divulga que atividade industrial cresceu em São Paulo, melhora que deve se estender a todo o País, de acordo com balanço do Ipea, principal instituto econômico do Brasil
O Brasil começa a emergir da crise financeira internacional que varre as maiores economias do mundo. Prova dessa recuperação é a sequência de indicadores positivos registrados desde o final de fevereiro e confirmado neste mês. Números e índices animadores que são discretamente divulgados pela grande mídia, sempre mais disposta a alardear o caso. Supermercados e montadoras venderam mais, os juros baixaram, o crédito está voltando à praça.
Divulgado esta semana, o balanço do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – principal órgão de pesquisa econômica do Brasil – que projeta crescimento econômico de 2% para o Brasil. Segundo o Ipea, o pior da crise já foi superado e a economia mundial, ainda que de forma lenta, terá uma melhora gradual em resposta às políticas econômicas adotadas por diversos governos. Vários especialistas fazem coro à projeção positiva de crescimento, num momento em que países desenvolvidos já projetam crescimento negativo.
São Paulo, o maior Estado e termômetro da Federação, os indicadores também revelam recuperação da economia. A atividade da indústria paulista cresceu em fevereiro. Os dados são de pesquisas divulgadas nesta quinta-feira (26) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O Índice de Nível de Atividade subiu 1,1 % ante janeiro. Os destaques ficaram por conta do setor de produtos têxteis, com alta da atividade de 4,2%, e veículos automotores, com avanço de 6,7 %, de acordo com a federação patronal.
Outro levantamento da Fiesp apontou que o Sensor – índice que mede o sentimento do industrial sobre a atividade do setor- subiu para 50,4 pontos na segunda quinzena de março, ante 49,0 na primeira. É a primeira vez desde outubro passado que o Sensor fica acima da linha de 50 pontos, que divide o pessimismo do otimismo.
Dos itens que compõem o Sensor, mercado, vendas e estoques melhoraram na segunda quinzena de março. Mercado, que estava em 58,3 pontos passou para 59. Vendas, saiu de 52,2 e passou para 56,3 pontos. Estoques, que chegou aos 41,7 pontos, ante 38,9 na primeira quinzena, o que merece destaque já que esta é a primeira vez, desde os primeiros 15 dias de dezembro, que esse segmento volta a superar a marca de 40 pontos.
MAIS CARROS, MAIS VENDAS
Empurrado pela medida do governo federal que reduziu o IPI, o setor de automóveis e comerciais leves mostra clara recuperação de produção e vendas. De acordo com os números da Fenabrave até o dia 20, os licenciamentos somaram 166,1 mil unidades. Neste ritmo a média diária registrada em 15 dias úteis foi de 11.073 unidades. Mantida essa média, o mercado de automóveis e comerciais leves pode passar das 220 mil unidades no fechamento de março.
Desse total, 135.390 unidades são automóveis, cuja média diária de emplacamentos supera as 9 mil. De 2 a 20 de março o pico de vendas aconteceu justamente na última sexta-feira, com mais de 12 mil carros licenciados no País.
O segmento de comerciais leves ultrapassou as 30,7 mil unidades emplacadas naqueles quinze dias úteis, registrando média diária de 2 mil 47 unidades.
Em março de 2008, foram emplacados 220.829 automóveis e comerciais leves, com média diária de 11 mil 41 licenciamentos: foi o melhor março da história da indústria.
JUROS
Um fator importante em toda essa melhora são as seqüenciais quedas das taxas de juros. A taxa média caiu 1,1 ponto percentual de janeiro para fevereiro, com taxa anual de 41,3%. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (26) pelo Banco Central (BC). Os juros caíram tanto para empresas quanto para pessoas físicas.
No caso das pessoas físicas, a taxa passou de 55,1% para 52,7% ao ano. Para as empresas (pessoas jurídicas), a redução foi de 31% para 30,8% ao ano. A taxa do cheque especial também caiu de janeiro (172% ao ano) para fevereiro (166,7% ao ano). Os juros anuais cobrados pelo crédito pessoal, que inclui operações consignadas em folha de pagamento, passaram de 56,5% para 54,5%.
O volume de crédito do sistema financeiro chegou a R$1,2 trilhão, o que corresponde a 41,6% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no País.
SUPERMERCADOS
No setor de supermercado a crise parece não ter chegado. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) registrou mais uma elevação nas vendas em fevereiro, 4,16%, na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Segundo a entidade, o índice positivo se deve ao fato de o setor de alimentos ainda não ter sentido os efeitos da crise financeira internacional. “Isso corrobora a tese de que o varejo de alimentos é o último a sentir os efeitos da crise”, informou a entidade em nota divulgada nesta quinta-feira (26).
Na comparação com janeiro, houve queda de 5,37% nas vendas. A Abras diz que a queda se deve ao fato de o mês de janeiro ter mais dias do que o de fevereiro. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor registrou alta de 5,37% nas vendas.
Da Redação