Indústria desacelera no mundo e pode levar a mais estímulos dos BCs
A contração da atividade industrial na Europa e na Ásia, apontada pelos Índices de Gerentes de Compras (PMIs, na sigla em inglês) divulgados nesta quinta-feira, representa mais um sinal da desaceleração do crescimento global. Esse quadro pode limitar a inflação e encorajar alguns bancos centrais a implementar mais medidas de estímulo econômico.
O PMI da indústria da zona do euro encolheu mais do que o inicialmente estimado em agosto, para 49, enquanto que o crescimento da indústria chinesa permaneceu perto da mínima em 29 meses. Índices da indústria da Suécia, Reino Unido, Coreia do Sul e Taiwan também mostraram contração da atividade no setor. Nos EUA, o PMI recuou de 50,9 em julho para 50,6 em agosto, ficando pouco acima da linha que separa expansão de contração.
Os números, de acordo com o economista-chefe da Markit Economics, Chris Williamson, sinalizam “o fim da recuperação industrial”. Na avaliação dele, “há um risco crescente de que a zona do euro possa voltar à recessão no segundo semestre do ano”. No segundo trimestre deste ano, o PIB dos 17 países da área de moeda comum cresceu 0,2%, desacelerando-se frente à alta de 0,8% registrada no primeiro.
“Os dados de hoje aumentam o espectro de outra recessão econômica global”, disse o economista-sênior do ING Carsten Brzeski. “Todo mundo está olhando para os bancos centrais em busca de ajuda. A dúvida é se os bancos centrais realmente querem trilhar esse caminho de novo.”
Alguns representantes do Federal Reserve defendem uma ação “mais substancial” para estimular o crescimento dos EUA que vá além da promessa de manter a taxa básica de juros nos níveis baixos atuais pelos próximos dois anos, conforme mostrou a ata da reunião do dia 9 de agosto.
O Banco Central Europeu, por sua vez, pode revisar sua avaliação de que os riscos de inflação são de alta, como sinalizou esta semana seu presidente, Jean-Claude Trichet, abrindo caminho para uma interrupção do aperto monetário. O comitê de política monetária do Banco da Inglaterra, por sua vez, tem mantido a taxa básica de juros estável, apesar de a inflação rodar acima de sua meta de 2% ao ano.
“Estamos vendo o pior, e a inflação vai lentamente arrefecer”, disse o diretor de pesquisa do ING na Ásia, Tim Condon. “Alguns (BCs) devem até mesmo estar se perguntando se podem afrouxar a política monetária para estimular a economia.”
Do Valor Econômico