IndustriALL-Brasil e CNI reagem ao ataque do governo ao Mercosul e cobram fortalecimento da indústria nacional

A IndustriALL-Brasil, entidade dos trabalhadores na indústria da CUT e da Força, e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgaram nota conjunta em que pedem ao governo que suspenda a proposta feita ao Mercosul de redução nas tarifas cobradas pelo bloco no comércio com outras nações e de flexibilização da negociação de acordos.

Visita do Coletivo de Indústria do Sindicato à Nova Fábrica de caminhões na Mercedes. Fábrica 4.0. 28.03.2018 Foto: Adonis Guerra/SMABC

O diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou que são medidas que enfraquecem a integração regional do Brasil com importantes parceiros comerciais, além de ameaçar a produção e o emprego no Brasil.

“A carta conjunta mostra que todos os atores envolvidos, principalmente da indústria, veem com temeridade as declarações do governo e do ministro Paulo Guedes de flexibilizar as ações do Mercosul”, reforçou.

As entidades pedem que, na próxima reunião de ministros do Mercosul, prevista para o início de julho, os representantes do Brasil retirem a proposta já apresentada sobre esses temas e proponham uma avaliação mais aprofundada sobre a TEC (Tarifa Externa Comum) e a política de negociação de acordos com países de fora do Mercosul.

“O Mercosul foi construído por meio de consensos e o Brasil não pode atropelar as ponderações dos outros países. A maior possibilidade de o nosso país ter uma posição forte no mundo é dialogar com a América do Sul e a América Latina. A Argentina é um dos maiores parceiros comerciais e o Brasil está renegando em troca de alguns acordos bilaterais que não trazem vantagem nenhuma ao país, principalmente à indústria nacional”, afirmou.

Práticas desleais

No documento, as entidades destacam ainda que a abertura de mercados para países com práticas desleais, que não cumprem sequer legislações trabalhistas e ambientais mínimas, aprofundariam o padrão de produtos de baixo valor agregado e prejudicariam as cadeias em que as empresas brasileiras estão mais inseridas, como automotiva, aço, máquinas, fármacos, entre outras.

“Reverter, e não reforçar, essa trajetória de desindustrialização é necessário para inserir a economia brasileira em atividades de maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico, que levarão à criação de mais empregos que demandam trabalhadores mais qualificados e mais bem remunerados”, defendem em nota. Confira a íntegra no site do Sindicato.