Inflação de fevereiro dispara, ‘prévia’ é a maior desde 2016

Custo de vida é cada vez mais alto para população vulnerável. Trabalhadores informais são fortemente afetados pelos altos preços dos combustíveis e alimentos

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O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve a maior taxa para fevereiro desde 2016, segundo o IBGE, com alta de 0,99%. O indicador apontado como “prévia” da inflação oficial soma 1,58% no ano e atinge já10,76% em 12 meses. De acordo com os resultados divulgados ontem, oito dos nove grupos tiveram alta neste mês.

Os alimentos ficaram ainda mais caros, com alta de 1,20%. O IBGE destaca aumentos de produtos como cenoura (49,31%), batata inglesa (20,15%), café moído (2,71%), frutas (1,75%) e carnes (1,11%). Comer fora aumentou menos em fevereiro: 0,45%, ante 0,81% no mês anterior. O preço médio da refeição subiu 0,57% e o do lanche, 0,09%.

 “A inflação vem penalizando sobretudo os trabalhadores, a classe mais pobre e a população que está mais vulnerável, sobretudo com a crise econômica e o aumento constante do desemprego. A alimentação está ficando cada vez mais inacessível para essas pessoas e isso tem um efeito direto, diminui a diversidade na mesa do brasileiro, o que prejudica a saúde”, avaliou o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno.

O dirigente destacou como motivo principal a total ausência de uma política pensada para o país. “Não temos uma política nem de garantia dos estoques mínimos para a população, isso em um país que vem batendo recordes na produção de alimentos e bebidas. Os grandes produtores latifundiários aumentam seus lucros enquanto a população tem dificuldade de colocar alimento na mesa”.

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Wellington lembrou do Auxílio Emergencial, conquistado após muita pressão da sociedade, dos partidos progressistas e do movimento sindical, porém destacou que a situação ainda é de grande instabilidade.

“Ainda vivemos um período de anormalidade, a produção industrial não voltou ao normal, o emprego não teve crescimento, não houve melhoria nas condições de vida da população, isso mostra a necessidade de um auxílio que, de fato, proteja as pessoas”, defendeu.

Informalidade

Com o aumento da informalidade no período de pandemia, o dirigente ressaltou também que a situação desses trabalhadores é agravada pela inflação, já que motoristas, entregadores, ou aqueles que mantêm um pequeno negócio são fortemente atingidos pela alta nos preços, principalmente da gasolina e dos alimentos.

Reajuste salarial não acompanha

No mês de janeiro, segundo o Dieese, 35% de 324 reajustes tiveram aumento real, ou seja, acima da variação acumulada do INPC. E 42% ficaram abaixo “do valor necessário para a recomposição do poder de compra dos salários”. Enquanto os demais 23% equivaleram à inflação do período. Os dados têm como base o Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência.

Há um ano, em janeiro de 2021, apenas 11% dos reajustes incluíram ganho real. E 60,5% tiveram índice inferior ao INPC.

Com informações da Rede Brasil Atual