Inflação dos alimentos é a maior desde 1994
Há 28 anos, desde o início do Plano Real, em 1994, os brasileiros não pagavam preços tão altos para colocar comida na mesa.
Muitos reduziram a quantidade de produtos e outros pararam de comprar até itens básicos como feijão e arroz, o que contribui para o aumento da insegurança alimentar no país.
A terceira deflação registrada este ano foi causada principalmente pela queda nos preços dos combustíveis, uma decisão eleitoreira de Bolsonaro e só atingiu a gasolina, produto que depois da eleição deve voltar a subir toda semana.
O grupo alimentação e bebidas acumula inflação de 9,54% no ano, de janeiro a setembro. É a maior alta para os nove primeiros meses do ano em quase três décadas, segundo consultas da Folha de S. Paulo aos dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da inflação do país, calculado pelo IBGE.
Trata-se do avanço mais intenso para o acumulado de janeiro a setembro desde 1994 (915,08%), quando o Brasil ainda vivia o reflexo da hiperinflação.
Essa disparada dos preços afeta principalmente os mais pobres, porque a compra de alimentos consome uma fatia maior do orçamento dessas famílias na comparação com faixas de renda mais elevadas.
O melão foi o alimento que mais subiu no acumulado do ano, alta de 74,37%, seguido por cebola (63,68%) e leite longa vida (50,73%).
Cesta básica
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), apenas cinco de 17 capitais que integram a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos tinham cesta básica abaixo de R$ 600, valor do Auxílio Brasil (Aracaju, Salvador, João Pessoa, Natal e Recife). São Paulo tem a cesta básica mais cara do país, R$ 750,74.
Entre agosto e setembro deste ano, o valor diminuiu em 12 das 17 capitais. No acumulado de 2022, todas as capitais pesquisadas apresentaram alta de preços. Em comparação a setembro de 2021, todas as cidades da pesquisa também tiveram alta de preços.
Em setembro deste ano, o tempo médio de trabalho necessário para adquirir uma cesta básica foi de 118 horas e 14 minutos. Em setembro do ano passado, a jornada necessária era de 115 horas e 2 minutos.
Com informações da CUT