Inflação e juros
Em 2004, o Índice do Custo de Vida (ICV) calculado pelo Dieese ficou em 7,7%, enquanto em 2003 foi de 9,6%.
A observação das taxas anuais dos dez grupos que compõem o ICV revela variações bastante distintas. O maior aumento ocorreu para as despesas com saúde (16,4%), mas três outros grupos apresentaram taxas elevadas: transportes, educação e despesas diversas (com altas de cerca de 10%).
Dos seis grupos restantes, três apresentaram pequena variação: vestuário (0,44%), alimentação e recreação (5%); enquanto outros três situaram-se ligeiramente abaixo do índice geral: habitação, despesas pessoais e equipamento doméstico.
Na saúde a alta de 16,4% derivou do aumento da assistência médica (19,1%) que apresentou um reajuste cerca de três vezes superior ao dos medicamentos e dos produtos farmacêuticos. Os grandes responsáveis pelo aumento desse grupo foram os seguros e convênios médicos (22,5%).
Nos transportes a alta de 9,9% foi em conseqüência do reajuste dos combustíveis (16,4%), principalmente do álcool (25%).
No grupo educação o que mais colaborou para a alta foram os reajustes dos cursos formais que tiveram suas mensalidades reajustadas entre 10%, no pré-primário, até 13%, no universitário.
Alguma lição pode ser tirada destes resultados. Como se nota, os preços que responderam por pelo menos metade da inflação anual, foram justamente aqueles controlados ou supervisionados pelo Estado: combustíveis, energia, planos de saúde, educação e comunicações.
Se estes preços, que não são influenciados pelo nível da taxa de juros, não tivessem este comportamento altista, a inflação poderia ter sido até metade da verificada, revelando que a insistência na política de juros altos pode estar sendo desnecessária e impondo altos custos a consumidores e empresas.
É tempo de o Banco Central interromper a alta de juros, ainda que o mercado continue tão pessimista quanto as autoridades monetárias.
Subseções Dieese CUT Nacional e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC